O ministro Luís Roberto Barroso tem adotado um comportamento preocupante, mostrando-se refém de uma visão distorcida e corporativista ao defender, de forma acrítica e emocional, os juízes afastados da Operação Lava Jato. Sua reação indignada à decisão correta do corregedor Luis Felipe Salomão de afastar magistrados envolvidos em ilegalidades durante a operação revela o grau de comprometimento do ministro com uma iniciativa que, mesmo tendo começado com boas intenções, rapidamente se descambou para uma força-tarefa descontrolada, marcada por abusos de poder e violações de direitos.
Em seu papel de defensor cego da Lava Jato, Barroso parece ignorar as inúmeras evidências que vêm à tona sobre o abuso de autoridade, a seletividade e o favorecimento político que caracterizaram a operação. Ao defender a juíza Gabriela Hardt, que cometeu graves irregularidades ao tentar criar uma fundação privada bilionária com recursos da Petrobras, e os magistrados que deliberadamente desobedeceram a uma ordem do Supremo Tribunal Federal, o ministro revela um comprometimento cada vez maior com uma narrativa que, embora populista e emotiva, esconde uma série de irregularidades inaceitáveis num Estado Democrático de Direito.
A decisão do ministro Salomão de afastar juízes que violaram a ética e as leis em procedimentos relacionados à Lava Jato é tanto legítima quanto necessária. O afastamento de magistrados que comprometeram a imparcialidade e a credibilidade da operação não visa “cancelar” a Lava Jato, mas sim restabelecer a ordem e os parâmetros éticos no sistema judicial. Essa atitude firme, embora impopular, representa um importante passo em direção a uma justiça mais efetiva e imparcial.
Barroso e seus pares deveriam abandonar sua postura corporativista e se perguntar até onde a “guerra à corrupção” justifica os pragmáticos abusos de poder que vimos durante a Lava Jato. Quando essa “guerra” se torna ela mesma corrupta e ilegal, não é hora de reflexões profundas sobre o papel do Judiciário na sociedade?
A defesa irrefletida da Lava Jato por parte do ministro Barroso e outros membros do Judiciário apenas contribui para manchar ainda mais a imagem de uma instituição que, para atender bem às suas funções constitucionais, precisa ser imparcial, ética e comprometida com a justiça e não com agendas políticas ou corporativistas. É hora de rever nossas prioridades como sociedade e exigir do Judiciário o cumprimento de seu papel como garantidor dos direitos fundamentais e da democracia.