Política e Resenha

AméricaUma Canção, Um Legado, Uma Linguagem

 

 

Quando uma canção é criada em uma noite marcada pela notícia da morte de uma figura como Che Guevara, ela carrega uma carga emocional e política intensa .“América”, canção composta por José Carlos Capinan naquela noite, é um testamento da força da música como veículo de expressão em momentos históricos.
A canção é uma composição única no trabalho de Capinan, que por conta do contexto político da época não poderia se referir diretamente ao herói revolucionário argentino e cubano de coração.Como um ato de desafio e resiliência, a letra é escrita em um português inventado, uma mistura de palavras sonoras em espanhol e português, que respeitam a censura vigente na época.
Essa linguagem singular criada para a “América” ​​representa uma resistência contra a opressão política e uma homenagem à cultura e à língua espanhola e latino-americana.A música é uma pintura viva da época, expressando a dor, a angústia e a esperança de um mundo marcado pelos ideais revolucionários.
A música “América” ​​foi apresentada em 1967, durante o Festival da Canção.Capinan entregou a letra a Gil naquela noite no camarim, este gesto marcou um momento importante na história da música brasileira, sincronizando duas personalidades icônicas em torno de um tema tão emblemático e conturbado como a morte de Che Guevara.
Hoje, a canção “América” ​​ainda ecoa como um símbolo da música e da arte como espelho da sociedade e do contexto político em que foram criados.O legado de “América” ​​vai além da própria música, com sua letra em português que ainda evoca a luta pelo direito de expressão livre e a busca por uma sociedade mais justa.
Quando a música e a história se entrelaçam, surgem obras de arte que transcendem gerações e transformam a forma como vemos o mundo.“América” ​​é uma dessas obras-primas, e continua sendo uma fonte de inspiração e reflexão para artistas e pensadores em todo o mundo.
Padre Carlos