O silêncio ensurdecedor que paira sobre as organizações religiosas brasileiras diante do genocídio em tempo real nas redes sociais evoca dolorosas semelhanças com períodos sombrios da história, em especial, o Holocausto. Assim como o mundo se viu diante da brutalidade inaceitável na Segunda Guerra Mundial, o atual genocídio clama por uma resposta ativa, e o eco silencioso das instituições torna-se ainda mais perturbador à luz da história.
A ausência de uma postura firme por parte da CNBB e lideranças católicas destaca-se, ressoando com o silêncio que permeou algumas instituições religiosas durante os eventos trágicos do passado. A ressurreição simbólica de figuras proféticas da nossa Igreja, parece ser uma necessidade urgente para despertar a comunidade católica diante do genocídio contemporâneo.
De maneira alarmante, os movimentos neopentecostais, dentro da nossa Igreja muitas vezes em evidência na mídia, permanecem notavelmente silenciosas, ecoando um padrão que remete a momentos históricos em que a indiferença falou mais alto.
A pergunta persiste: onde estão as vozes da comunidades latino-americana e europeia que se sensibilizaram com a guerra na Ucrânia e denunciaram as mortes de crianças ucranianas e se calaram diante da chacina das crianças palestinas. Elas não possuem o mesmo padrão de beleza, mais são inocentes quantos aquelas do leste da Europa.
O silêncio dessas comunidades de fé é desconcertante, evocando a lembrança de um tempo em que a humanidade, diante da barbárie, optou por não ouvir e não agir.
O que explica essa paralisia coletiva das entidades religiosas? Uma força enigmática parece conter as vozes, sufocar a empatia e comprometimento moral, recordando um passado em que a indiferença se tornou cúmplice da tragédia. A retórica em favor da paz e da vida perde significado quando confrontada com a brutalidade do genocídio atual.
Assim como o mundo aprendeu com a história do Holocausto, é imperativo que as organizações religiosas despertem do silêncio e se ergam como uma voz unificada contra essa barbárie contemporânea. O eco desses tempos sombrios nos adverte sobre os perigos do silêncio, ressaltando que, diante da injustiça e da violência, a ação e a solidariedade são imperativas para evitar repetições de tragédias passadas. O momento exige não apenas orações, mas uma postura ativa em prol da justiça e da dignidade humana.
Padre Carlos