*(Padre Carlos)*
Em um movimento que contraria as avaliações políticas mais tradicionais, Waldenor Pereira (PT) tomou uma decisão arrojada ao escolher Luciana Silva (PSB) como sua pré-candidata a vice-prefeita. Esta escolha desconsidera as recomendações de seu conselheiro político, o senador Jaques Wagner, que aconselhou uma chapa mais diversificada para transcender as bases da esquerda consolidada.
A estratégia de Waldenor desafia a ideia de que uma candidatura de “pão com pão” – isto é, composta exclusivamente por figuras da esquerda – não teria apelo suficiente para atrair eleitores fora deste espectro político. O próprio Wagner, experiente estrategista, sugeriu a necessidade de uma composição mais abrangente, com elementos que pudessem ressoar com uma faixa maior do eleitorado. No entanto, Waldenor optou por manter a pureza ideológica, acreditando no poder de uma chapa unificada e coesa em seus princípios.
O anúncio de Luciana Silva como vice foi feito em uma coletiva de imprensa organizada pela frente partidária “União e Reconstrução por Conquista”, no Íbis Hotel. A coletiva contou com a presença de figuras políticas importantes e líderes de partidos aliados, reforçando a robustez da aliança formada. Notavelmente, a ausência do governador Jerônimo Rodrigues no evento não diminuiu o impacto do anúncio, que já era amplamente antecipado e comentado nos bastidores políticos.
Luciana Silva, presidente licenciada da OAB-Subseção Vitória da Conquista e professora de Direito na UESB, traz consigo uma trajetória de luta e competência. Sua eleição como a primeira mulher presidente da OAB-Conquista em 2021 já marcava uma conquista significativa para a representação feminina na área jurídica. Como advogada, sua atuação em casos relevantes, como o caso Gilvanete Nogueira, demonstra sua dedicação à justiça e à defesa dos direitos.
Ao escolher Luciana Silva, Waldenor não apenas solidifica a identidade ideológica da chapa, mas também aposta na credibilidade e na renovação que ela representa. Em uma cidade como Vitória da Conquista, a terceira maior da Bahia, essa decisão pode tanto fortalecer a base tradicional do PT e do PSB quanto desafiar os eleitores a reavaliar suas expectativas sobre a composição política ideal.
A opção por uma chapa “puro sangue” é um risco calculado que pode ter implicações significativas na corrida eleitoral. Em um cenário onde a diversidade de ideias e a atração de novos eleitores são frequentemente vistas como chaves para a vitória, Waldenor aposta na força e na clareza de uma mensagem ideologicamente alinhada. Este movimento pode inspirar confiança entre os eleitores mais engajados e ideologicamente comprometidos, mas também corre o risco de alienar aqueles que buscam uma abordagem mais centrista.
Em última análise, a escolha de Waldenor Pereira de manter uma chapa firmemente enraizada na esquerda, ao lado de Luciana Silva, é uma jogada audaciosa que coloca em jogo a sorte da campanha. Apenas o tempo dirá se esta aposta estratégica trará os frutos esperados ou se a diversidade de vozes e abordagens sugerida por conselheiros experientes como Jaques Wagner teria sido a melhor escolha. O cenário político de Vitória da Conquista está prestes a testemunhar uma disputa intensa e, sem dúvida, repleta de surpresas.