(Padre Carlos)
O coração humano, na sua ordinária ânsia de progresso, sempre almeja as coisas do futuro. Criado para permanecer nas relações do hoje, o coração também sabe caminhar para o que virá. O homem sabe caminhar para o futuro! Contudo, essa caminhada não será feliz se se descarta a Deus.
O Evangelho deste domingo nos fala do triste fim daqueles que recusam decididamente o caminho de Deus. O pecado contra o Espírito Santo consiste em fazer uma escolha estrutural e contrária ao amor de Deus: “Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno” (Mc 3,28).
O amor que recebemos de Deus é gratuito e constante. A única correspondência que esse grande amor nos pede é um coração generoso e capaz de mudar. Nestes últimos dias, celebramos a Festa Solene do Sagrado Coração de Jesus. O coração de Deus é fonte de piedade e humildade para as nossas vidas. Do coração de Jesus, aprendemos a agir com misericórdia e verdade. Este amor, esta lealdade do Senhor, manifesta a humildade do seu Coração: Jesus não veio para conquistar os homens como os reis e os poderosos deste mundo, mas sim para oferecer amor com mansidão e humildade (Papa Francisco).
O amor de Jesus por nós é sempre uma experiência que nos ensina a viver o tempo com paciência. A escuta atenta da Palavra de Deus é lugar seguro capaz de nos purificar, purificar o nosso coração. O tempo que vivemos pode nos distrair, mas quando ouvimos com fidelidade a Palavra de Deus, esse tempo torna-se lugar do encontro com Deus. Trata-se de um tempo especial de conversão.
Mas, por vezes, perdemos a paciência conosco mesmos. Julgamos que Deus não espera mais a mudança do nosso coração tão duro. Perdemos a esperança! E qual o motivo da perda de nossa esperança? A pessoa humana é a única criatura livre capaz de dizer ‘’sim’’ ou “não” a Deus.
Podemos apagar Deus do horizonte de nossa vida pessoal, estar nas relações humanas como se Ele não existisse; o homem pode apagar em si mesmo a esperança. Contudo, Deus insiste em apresentar-Se a nós, e O faz como peregrino, sendo capaz de nos dar Seu próprio Filho. Jesus é o peregrino do Pai entre nós, caminha conosco no transcorrer de nossa história.
E neste tempo de paciência, crescemos na sagrada esperança, lutamos para não faltar Deus em tudo o que nos propomos a realizar. E nosso “fazer” será fecundo mediante nossa entrega generosa na oração constante. Na oração podemos “aprender a não depender das nossas seguranças, dos nossos esquemas consolidados, porque o Senhor vem na hora que não imaginamos” (Papa Francisco).
O Senhor está para chegar, eis o fundamento da esperança humana. É próprio do ser cristão encher-se da esperança que vem de Deus. Não há outra via!
O destino do coração de quem crê é o lugar mais seguro e cheio de esperança: o coração de Deus. Não desistamos de seguirmos para esse lugar de esperança. Que o coração misericordioso da Virgem Maria, que sempre sabe esperar, nos ensine a rezar em qualquer circunstância; que suas mãos, cheias da caridade de Cristo, nos ajude a estar próximos daqueles que já perderam a esperança e a alegria de viver.