Hoje, ao refletirmos sobre os versos tocantes de Augusto Gil na “Balada da Neve,” somos confrontados com uma realidade ainda mais sombria e brutal que perdura nos dias de hoje: a dor infligida às crianças em meio a conflitos como o que assola Gaza.
As palavras do poeta português ressoam com uma pergunta agonizante: “Mas as crianças, Senhor, por que lhes dais tanta dor?! Por que padecem assim?!” Este questionamento ecoa enquanto testemunhamos, impotentes, a tragédia que se desenrola, onde crianças inocentes são vítimas de uma violência desumana.
A situação em Gaza, onde as crianças enfrentam uma chuva incessante de bombas, é um testemunho chocante da crueldade que persiste em conflitos armados. A descrição detalhada do uso de fósforo branco, uma substância que causa sofrimento atroz ao queimar e corroer a carne, eleva o horror a níveis inimagináveis.
Peter Singer, renomado filósofo australiano, lança luz sobre nossa responsabilidade moral. Ele nos lembra que, ao presenciar o sofrimento de uma criança, nossa obrigação ética é agir, independentemente dos sacrifícios pessoais que isso possa implicar. O argumento de Singer ressoa poderosamente diante da atual tragédia em Gaza.
As estatísticas alarmantes de mortes infantis em Gaza, divulgadas por organizações internacionais e ONGs, pintam um quadro desolador. Mais de 3.000 crianças mortas em três semanas, superando o número de crianças mortas em todos os conflitos mundiais desde 2019. Isso não é apenas uma estatística, mas um grito de genocídio.
Neste momento crucial, a ética de Singer exige ação. Exige que não nos tornemos cúmplices silenciosos dessa matança descontrolada dos mais vulneráveis. É um chamado para que países como o Brasil, que tem uma posição de influência, se levantem, exijam um cessar-fogo imediato e pressionem por uma mudança nesse cenário sangrento.
O paralelo traçado entre a situação atual e o mito bíblico do Rei que ordenou a matança de recém-nascidos ressoa de maneira arrepiante. Devemos aprender com a história e não permitir que a brutalidade se repita. É imperativo agir, mesmo que isso signifique sacrificar amizades ou enfrentar desconforto diplomático.
O exemplo do Papa Francisco, levantando a voz em defesa da vida infantil, deve ser seguido por sua Igreja. O Brasil e outras nações precisam se posicionar contra a matança de crianças, deixando claro que o direito à autodefesa não justifica o massacre indiscriminado de civis, especialmente de crianças.
Em última análise, como nos versos finais da “Balada da Neve,” somos envolvidos por uma infinita tristeza, uma profunda turbação, pois a neve cai não apenas na natureza, mas também em nossos corações, testemunhando a queda de inocentes que clama por justiça e ação imediata.