Dom Zanoni Castro, em uma entrevista pungente, trouxe à tona a alarmante situação vivida pela juventude negra no Brasil. Suas palavras são um grito de alerta, uma chamada à ação contra o que ele descreve como um “verdadeiro holocausto”. Mas, por que utilizar uma palavra tão carregada de significado histórico e emocional como “holocausto”? Para entender isso, precisamos olhar de perto para a realidade cotidiana enfrentada por jovens negros no país.
O Brasil tem uma história marcada pela escravidão e pelo racismo estrutural. Esses legados não são apenas capítulos encerrados nos livros de história; eles permeiam nossa sociedade atual, moldando o presente de maneira dolorosa e persistente. Dom Zanoni argumenta que a situação presente é ainda mais grave que a do passado. O passado, por mais trágico que tenha sido, oferece uma oportunidade de aprendizado e mudança. O presente, contudo, é uma realidade imutável que precisa ser enfrentada todos os dias.
Quando Dom Zanoni fala de um “holocausto”, ele se refere à perda de vidas, de esperanças e de sonhos. As estatísticas são chocantes: jovens negros são desproporcionalmente afetados por violência, exclusão e marginalização. São assassinados em índices alarmantes, vítimas de violência sexual e frequentemente tratados como cidadãos de segunda classe. Este holocausto não é noticiado, não é reconhecido pelo Estado ou pela sociedade em sua totalidade. É silencioso, mas mortal.
O arcebispo destaca a necessidade de ação imediata e efetiva. Falar, ouvir, solidarizar-se e lutar são os primeiros passos. Mas a mudança deve ser profunda, envolvendo uma transformação da mentalidade, da cultura e da própria sociedade. A educação e a conscientização são ferramentas poderosas nesta luta, mas devem ser acompanhadas por ações concretas que promovam justiça e igualdade.
Dom Zanoni nos desafia a olhar além das estatísticas e a ver a humanidade de cada jovem negro. Ele nos chama a lutar por suas vidas, suas liberdades e dignidades. Esta luta não é apenas por um Brasil mais justo e igualitário, mas por uma sociedade verdadeiramente humana, onde cada vida é valorizada e respeitada.
O holocausto silencioso da juventude negra no Brasil é uma ferida aberta em nossa sociedade. Ignorar essa realidade é perpetuar a violência e a injustiça. Precisamos, como Dom Zanoni sugere, mudar nossas atitudes e ações. Precisamos falar sobre isso, educar, conscientizar e, acima de tudo, agir. Somente assim poderemos transformar o Brasil em um país onde todos, independentemente da cor da pele, possam viver com dignidade, respeito e esperança.