Política e Resenha

ARTIGO – Livre Arbítrio: A Liberdade que Molda Nosso Destino (Padre Carlos)

 

 

Uma das coisas que mais me emocionou na filosofia e me fez entender a teologia de uma forma mais madura foi o conceito do livre arbítrio. Estudar filosofia aqui em Vitória da Conquista me abriu os olhos para a profundidade dessa ideia, e, posteriormente, na PUC em Belo Horizonte, ao entrar em contato com os grandes teólogos da década de noventa, essa compreensão se enraizou ainda mais profundamente em minha vida e pensamento.

O livre arbítrio, para mim, é a capacidade intrínseca que nós, seres humanos, temos de fazer escolhas livres, sem sermos forçados por um destino inexorável ou pela vontade divina. Essa liberdade é um dom precioso que Deus nos concede, permitindo-nos agir, pensar e modificar nosso destino de acordo com nossos comportamentos e decisões.

Durante meus estudos, percebi que filósofos como Santo Agostinho e Tomás de Aquino dedicaram suas vidas a explorar as implicações éticas e morais do livre arbítrio. Santo Agostinho, em particular, me influenciou profundamente ao afirmar que o livre arbítrio é uma dádiva divina que nos permite optar entre o bem e o mal. Sem essa liberdade, seríamos apenas marionetes, sem responsabilidade real por nossas ações.

Quando aprofundei meus estudos teológicos na PUC, tive a oportunidade de discutir essas ideias com alguns dos maiores teólogos da época. Eles reforçaram em mim a crença de que o livre arbítrio é fundamental para a nossa jornada espiritual. Na teologia cristã, essa liberdade é essencial para que possamos amar a Deus verdadeiramente. O amor imposto ou forçado perderia seu valor, e é justamente essa liberdade de escolha que testemunha o respeito e o amor que Deus tem por nós.

Compreender o livre arbítrio de forma madura me fez perceber que nossas escolhas têm consequências reais e duradouras. Cada decisão que tomamos, cada ação que realizamos, contribui para moldar nosso caráter e destino. Esta percepção me chama a uma maior responsabilidade pessoal e social. Se sou livre para agir, também sou responsável pelas consequências de meus atos, sejam elas positivas ou negativas.

A liberdade, contudo, não é uma licença para a anarquia. O livre arbítrio deve ser exercido com discernimento e responsabilidade. Esta é uma lição que os teólogos da PUC me ensinaram bem: nossas escolhas devem ser guiadas por valores morais e pela busca do bem comum. A verdadeira liberdade se manifesta quando usamos nosso livre arbítrio para promover a justiça, a paz e a solidariedade.

O livre arbítrio também nos oferece a chance de redenção e transformação. Cada dia é uma nova oportunidade para refazer nossos caminhos, corrigir nossos erros e buscar um futuro melhor. Mesmo diante dos nossos fracassos, o livre arbítrio nos permite recomeçar, pois a capacidade de mudar está sempre ao nosso alcance.

Assim, o conceito de livre arbítrio não apenas me emociona, mas me desafia a viver com integridade e propósito. É a liberdade que me permite ser o autor de minha própria história, moldando meu destino com cada pensamento e ação. Em um mundo onde tantas forças externas tentam ditar nosso caminho, o livre arbítrio é um lembrete poderoso de nossa capacidade de escolher e transformar.

Essa compreensão madura do livre arbítrio me leva a um relacionamento mais profundo com a teologia e com Deus, pois reconheço que, ao exercê-lo, estou respondendo ao chamado divino para ser co-criador de minha realidade. O livre arbítrio é, portanto, uma expressão sublime do amor divino e da dignidade humana, uma dança constante entre liberdade e responsabilidade, que me convida a viver de maneira mais plena e consciente.