Política e Resenha

*ARTIGO – Henrique: O Peregrino Francês que Escolheu os Pobres da América Latina* (Padre Carlos)

 

 

Henrique era um jovem francês de 25 anos, nascido em Paris, no seio de uma família de classe média. Formado em engenharia civil por uma das mais prestigiadas universidades da França, seu futuro prometia sucesso e conforto. No entanto, o que definia Henrique não era a sua educação ou a sua origem, mas uma chama ardente de compaixão e fé que o conduziu por um caminho inesperado e transformador.

Após uma visita a Taizé, uma comunidade ecumênica conhecida pela sua espiritualidade e simplicidade, Henrique sentiu um chamado divino que não podia ignorar. Foi ali, em meio a cânticos e orações, que ele decidiu abandonar o conforto da vida parisiense e dedicar-se a uma causa maior: caminhar por toda a América Latina, rezando e cuidando dos pobres e andarilhos que encontrava pelo caminho.

Sua jornada começou no Brasil e, por anos, percorreu estradas e vilarejos por todo o continente americano, levando uma mensagem de esperança e fé. Henrique não era apenas um peregrino; era um irmão para os desamparados, um engenheiro de alma que construiu pontes de amor e solidariedade em cada local que visitava. Com um coração generoso e uma determinação inabalável, ele trazia conforto espiritual e, muitas vezes, auxílio material àqueles que cruzavam seu caminho.

Os pés de Henrique estavam rachados e sangrando, testemunhas silenciosas de sua incansável peregrinação. Cada ferida contava uma história de sacrifício e devoção, de noites passadas ao relento e dias enfrentando o calor escaldante e a chuva torrencial. Mas Henrique nunca reclamava; seus olhos brilhavam com uma serenidade que só aqueles que encontraram seu verdadeiro propósito conhecem.

Durante uma de suas paradas em Taizé, tive o privilégio de conhecer Henrique. Seu semblante era de paz, apesar das evidentes marcas físicas de sua jornada. Conversamos longamente sobre sua missão, e sua humildade me tocou profundamente. Henrique via sua peregrinação não como um fardo, mas como uma dádiva divina, uma oportunidade de estar próximo dos mais necessitados e de ser um instrumento do amor de Deus.

A história de Henrique é um testemunho vivo de fé e dedicação. Ele representa todos aqueles que, movidos por um amor incondicional, deixam tudo para trás em busca de algo maior. A Igreja deve reconhecer esses santos modernos, peregrinos de coração puro que, com passos silenciosos, deixam uma marca indelével no mundo.

Que possamos aprender com Henrique e com todos os peregrinos que, mesmo sem um destino final, encontram sentido e propósito na jornada. Que suas vidas inspirem nossa fé e nos lembrem do poder transformador do amor e da compaixão.

Henrique, o engenheiro de Paris que escolheu ser um peregrino na América Latina, é um verdadeiro santo de nossos tempos, um Dante de Deus que nos mostra que a verdadeira riqueza está no serviço aos outros.