A recente troca de farpas entre o pré-candidato a prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo (União Brasil), e o secretário estadual de Direitos Humanos, Felipe Freitas, trouxe à tona um debate antigo, mas sempre relevante: a dicotomia entre a velha e a nova política. Em uma entrevista à Cardeal FM, Zé Ronaldo rebateu as críticas do petista com uma revelação intrigante – ele teria sido convidado a fazer parte do grupo político do qual hoje é acusado de representar o passado.
A acusação de Freitas de que o deputado Pablo Roberto “se rendeu à velha política” ao desistir de disputar a prefeitura e apoiar José Ronaldo como vice levantou questões sobre a verdadeira natureza das alianças políticas e a definição de “velha política”. Zé Ronaldo, em sua resposta, destacou a ironia de ser chamado de representante da velha política por aqueles que, em outros tempos, buscaram seu apoio e colaboração. Essa revelação expõe a hipocrisia e a volatilidade das alianças políticas, onde os interesses e conveniências muitas vezes sobrepõem os ideais proclamados.
A história recente de Zé Ronaldo também ilustra as complexidades da política baiana. Em 2022, ele viu seu sonho de ser vice de ACM Neto (União) desmoronar, após meses de expectativas nutridas. O desapontamento com Neto, que recuou da candidatura ao governo, deixou marcas profundas, mas Zé Ronaldo afirma que as mágoas ficaram no passado. Esse episódio revela a fragilidade das promessas políticas e a resiliência necessária para continuar na arena pública.
O apoio de Pablo Roberto a Zé Ronaldo, visto com surpresa por Felipe Freitas, reflete a constante dança das cadeiras na política local. As alianças são fluidas e frequentemente moldadas por estratégias de sobrevivência e poder. A acusação de Freitas de que a população de Feira de Santana perde uma opção de mudança ao ver Pablo Roberto retornar à velha política é uma crítica que ecoa o desejo popular por renovação, mas que também ignora as complexidades das decisões políticas.
A verdadeira questão que emerge desse embate é o que realmente define a velha e a nova política. Será que a nova política é apenas uma questão de novos rostos ou se trata de novas práticas e ideias? E até que ponto os políticos veteranos são capazes de se reinventar e se adaptar às demandas contemporâneas?
Feira de Santana, a segunda maior cidade da Bahia, é um microcosmo dessas dinâmicas. Governada pelo mesmo grupo político há 24 anos, a cidade é um campo fértil para debates sobre continuidade versus mudança. A crítica de Freitas pode ressoar com aqueles que anseiam por uma ruptura com o passado, mas a defesa de Zé Ronaldo levanta um ponto válido sobre a inclusão e a coerência nas críticas políticas.
À medida que nos aproximamos das eleições, é crucial que o eleitorado de Feira de Santana olhe além das etiquetas simplistas de velha e nova política. É necessário avaliar as propostas, a integridade e a capacidade de liderança dos candidatos. A política é, afinal, um reflexo da sociedade, e a transformação que buscamos nas urnas deve começar com uma reflexão crítica e informada sobre os atores e os atos que moldam nosso futuro.
Que esse episódio sirva como um convite para um debate mais profundo e substancial sobre o que realmente queremos para nossa cidade. A mudança que tanto almejamos não pode ser meramente cosmética; ela deve ser fundamentada em princípios sólidos, compromisso com a verdade e uma visão compartilhada de progresso e justiça.