Ao ouvir “Hier Encore” de Charles Aznavour, sou envolvido por uma profunda reflexão sobre minha própria juventude. Embora não tenha sido perdida como sugere a canção, as ilusões que a acompanharam ecoam fortemente na minha memória. A música evoca um sentimento de saudade que me faz reconsiderar o quanto o tempo pode ser desperdiçado e o impacto dessas escolhas ao longo da vida.
Lembro-me dos meus 20 anos com uma mistura de nostalgia e introspecção. Naquele período, estava profundamente imerso na militância e em desejos passageiros, acreditando erroneamente que poderia controlar ou desacelerar o tempo. Era como se estivesse em uma corrida desesperada para “reter” o tempo, uma corrida que, inevitavelmente, me deixou sem fôlego e com um sentimento de vazio.
A visão que tenho agora não é meramente um lamento, mas um convite à reflexão. Ao olhar para trás, percebo um período repleto de oportunidades desperdiçadas e promessas não cumpridas, cuja tentativa de resgatar esses ideais se reflete na minha tentativa de influenciar as novas gerações. As esperanças e projetos que coloquei em espera se desvaneceram, deixando-me com a sensação de que o tempo foi perdido na busca por prazeres efêmeros. Em muitos casos, esses sonhos foram usurpados por poucos que se apropriaram dos esforços de muitos, se considerando os únicos responsáveis pelos sucessos alcançados.
A era contemporânea, marcada pela velocidade e pelo imediatismo, revela a relevância contínua das lições de “Hier Encore”. A pressão para atender às demandas diárias e a busca incessante por validação podem desviar nossa atenção do que realmente importa. Muitas vezes, somos consumidos por distrações e pela incessante corrida pelo sucesso e reconhecimento, negligenciando os momentos preciosos com aqueles que amamos e as experiências que verdadeiramente nos enriquecem.
A música de Aznavour oferece uma perspectiva valiosa sobre a importância de viver com propósito e consciência. É um chamado para reconhecer o valor do tempo e das escolhas que fazemos. Em vez de nos deixarmos levar por superficialidades, deveríamos buscar uma vida mais autêntica e significativa.
Ao refletir sobre “Hier Encore”, sinto-me desafiado a avaliar como estou utilizando meu tempo e a fazer escolhas que realmente contribuem para minha felicidade e realização. Embora a juventude seja efêmera, a sabedoria e a satisfação são frutos de como escolho viver cada momento.
Portanto, ao olhar para o passado com o mesmo lamento que Aznavour expressa, encontro inspiração para fazer melhor no presente. Aprender com as lições da juventude e buscar um caminho mais consciente e gratificante é essencial. Valorizando o tempo e as oportunidades que tenho ao meu alcance, posso encontrar um propósito mais profundo e uma vida mais significativa.