Política e Resenha

O Aumento da Tarifa de Energia Elétrica: O Peso da Seca e das Termelétricas no Bolso do Brasileiro

 

 

 

 

O Brasil se prepara para um novo impacto nas contas de luz. A partir do próximo mês, a tarifa de energia elétrica poderá ser elevada, uma medida que trará preocupação para milhões de consumidores. Segundo informações divulgadas pelo jornal O Globo, o governo federal já sinalizou a possibilidade de acionamento da bandeira amarela nas contas de luz em setembro, consequência direta da queda nos níveis dos reservatórios em todo o País, agravada pela seca prolongada.

O sistema de bandeiras tarifárias, criado para ajustar o custo da energia elétrica conforme as condições de produção, reflete o cenário climático e suas implicações econômicas. Quando os reservatórios das hidrelétricas, principal fonte de energia do Brasil, ficam abaixo de níveis seguros, o país recorre às usinas termelétricas para garantir o fornecimento de energia. Este movimento, no entanto, tem um preço alto, já que a geração de energia por termelétricas é significativamente mais cara do que a geração por hidrelétricas.

A bandeira amarela, que representa um custo adicional de R$ 2,989 para cada 100 kWh consumidos, é um sinal de alerta para a situação dos nossos reservatórios. Embora ainda não seja a bandeira vermelha, que indica um agravamento maior e custos mais altos, a bandeira amarela já pressiona as finanças das famílias e das empresas, que verão suas contas de luz aumentar em um momento delicado para a economia.

Além da questão sazonal e climática, há um outro fator que começa a pesar cada vez mais para os consumidores: os gastos com o acionamento das usinas térmicas, necessárias para atender à demanda crescente no horário de pico. O acionamento dessas usinas, além de ser mais caro, também é menos sustentável, pois a maior parte delas utiliza combustíveis fósseis, contribuindo para as emissões de gases de efeito estufa e exacerbando as questões ambientais.

Este cenário revela a fragilidade do modelo energético brasileiro, que, apesar de ser predominantemente baseado em fontes renováveis, como as hidrelétricas, ainda depende de fontes caras e poluentes para atender à demanda em períodos críticos. A seca, que deveria ser uma exceção, tem se tornado cada vez mais frequente, trazendo à tona a necessidade urgente de repensarmos nossa matriz energética.

A elevação da tarifa de energia elétrica, além de ser um fardo imediato para os consumidores, também levanta questões sobre a gestão de recursos hídricos e a política energética do país. Até quando dependeremos de soluções paliativas, como o acionamento de termelétricas, em vez de investirmos de maneira mais robusta em fontes alternativas e na eficiência energética? A energia solar, eólica, e até mesmo o aprimoramento do sistema de transmissão poderiam aliviar o peso que hoje recai sobre os consumidores.

O que está em jogo é mais do que apenas o valor da conta de luz. É a sustentabilidade de um sistema energético que precisa urgentemente de modernização e diversificação para garantir segurança energética e econômica para todos os brasileiros. O governo, ao acionar a bandeira amarela, acende também o alerta de que precisamos olhar para o futuro com mais planejamento e menos improviso.

Enquanto aguardamos os próximos passos, o consumidor brasileiro se vê, mais uma vez, refém de um sistema que, em tempos de crise, parece sempre deixar a conta mais pesada para quem menos pode pagar. Que essa situação seja um chamado para a ação, em busca de um futuro energético mais justo, acessível e sustentável.