Política e Resenha

Intermunicipal 2024: Quando o Poder Cai do Céu – Literalmente

 

 

 

 

Ah, o futebol! Esse esporte tão democrático que une ricos, pobres, políticos e cidadãos comuns no mesmo gramado… ou pelo menos deveria. Mas, no último fim de semana, a cidade de Potiraguá, no interior da Bahia, nos mostrou que, quando se trata de poder político e econômico, nem mesmo o sagrado jogo de domingo está a salvo. Acredite ou não, a partida válida pelo Intermunicipal 2024 foi interrompida de maneira inédita – e digna de roteiro de comédia pastelão.

Lá estavam os atletas, jogando com a seriedade que o campeonato demanda, quando, aos 20 minutos do primeiro tempo, um helicóptero simplesmente pousa no meio do gramado! Isso mesmo, como se fosse a coisa mais normal do mundo. O árbitro, claro, teve que parar o jogo. E não, não era para socorrer um jogador lesionado ou entregar uma taça surpresa, como aqueles shows de intervalo exagerados. Era para um desembarque “planejado” que, segundo o narrador da transmissão da TVC, foi organizado para a retirada de ninguém menos que o deputado federal Neto Carletto (PP). Pois é, o homem tinha pressa e o futebol regional que espere!

Mas não para por aí. Não bastava só retirar o deputado. O helicóptero, após levar embora o novo vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, também trouxe uma figura de peso para o campo – Ronaldo Carletto, presidente do Avante na Bahia. Porque, claro, por que não usar um jogo de futebol como plataforma de embarque e desembarque VIP? A lógica aqui parece ser a seguinte: quando se tem influência e poder, o céu não é o limite; é o seu próprio heliponto particular.

Agora, o que será que pensaram os jogadores, os torcedores e o árbitro nesse momento? Imaginamos que o juiz deve ter dado um cartão amarelo para o vento levantado pelas hélices, porque o helicóptero estava claramente fora da regra do jogo. Talvez até tenha pensado em conferir se o pouso foi devidamente autorizado pela FIFA. Quanto aos atletas, provavelmente ficaram divididos entre um misto de choque e aquela inevitável pergunta: “Será que podemos pedir uma carona para o próximo jogo fora de casa?”

O episódio só reforça o quanto a cultura do poder econômico e político, no Brasil, está literalmente “acima do bem e do mal”. Afinal, quem pode, pode! E se isso significa parar um jogo oficial, então que assim seja. Até parece que o futebol, com suas regras e sua dinâmica popular, poderia competir com os compromissos de uma agenda política tão movimentada quanto a de Neto Carletto. O tempo, meus amigos, é um bem precioso – e o campo de futebol, ao que tudo indica, pode ser uma mera extensão do heliporto de Brasília.

A cena é tão emblemática que chega a ser cômica: o helicóptero pousando com todo aquele estilo, em pleno jogo, enquanto os atletas e torcedores devem ter assistido boquiabertos, perguntando-se se aquilo era parte de alguma nova regra no futebol brasileiro que eles desconheciam. Mas, quem sabe? Talvez estejamos presenciando o surgimento de uma nova modalidade esportiva, onde o uso de helicópteros no meio de uma partida passa a ser permitido – desde que o passageiro seja uma autoridade.

Resta-nos agora esperar o próximo jogo para ver se outros políticos também vão aderir à nova tendência. Quem sabe, no futuro, a CBF resolva regulamentar o uso de aeronaves durante as partidas, criando uma zona de pouso especial para figuras políticas. Ou, melhor ainda, crie um novo cartão de advertência: o cartão helicóptero, reservado para interrupções por motivos de força maior – ou de poder maior.

Seja como for, o episódio em Potiraguá será lembrado como um marco no futebol brasileiro. Afinal, não é todo dia que um jogo é interrompido para uma “missão política” em pleno gramado. E assim seguimos, no Brasil, onde a política e o futebol se encontram, muitas vezes de maneiras que nem os roteiristas mais ousados poderiam imaginar.