Política e Resenha

ARTIGO – Conservadorismo em Ascensão nas Eleições de São Paulo

 

 

A recente pesquisa Quaest para a Prefeitura de São Paulo, divulgada em 11 de setembro de 2024, traz à tona uma realidade que venho observando e sinalizando há meses: a crescente onda conservadora que marca o cenário eleitoral brasileiro. Os números falam por si, com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o influenciador Pablo Marçal (PRTB) ultrapassando numericamente Guilherme Boulos (PSOL), um dos principais representantes da esquerda paulistana. Esse movimento não é um fenômeno isolado, mas sim um reflexo de um contexto político que vem se desenhando no Brasil e no mundo nos últimos anos.

A ascensão de Nunes e Marçal revela o descontentamento de parte significativa do eleitorado com as propostas progressistas e a busca por alternativas mais conservadoras. Ricardo Nunes, atual prefeito, tem consolidado sua imagem como um gestor eficiente e pragmático, sem grandes arroubos ideológicos, mas com uma forte capacidade de diálogo e articulação política. Seu crescimento nas pesquisas demonstra que o eleitorado paulistano valoriza estabilidade e continuidade em um momento de incertezas econômicas e sociais.

Por outro lado, a surpreendente ascensão de Pablo Marçal mostra que há espaço para um discurso conservador mais enérgico e voltado para a renovação política. Marçal, conhecido por seu perfil de influenciador digital, tem explorado um terreno fértil para o conservadorismo nas redes sociais, conquistando eleitores que desejam mudanças, mas que não se identificam com o progressismo representado por Boulos. Sua capacidade de comunicação direta e simplificada, característica dos novos tempos digitais, tem sido um trunfo para atrair jovens e setores insatisfeitos com a política tradicional.

Guilherme Boulos, por sua vez, parece ter atingido um teto eleitoral. Apesar de sua forte militância e do apoio consolidado em setores mais progressistas da capital, sua oscilação para baixo revela que sua mensagem pode não estar ressoando com a mesma força que antes. O cenário é desafiador para Boulos, que precisa reformular sua estratégia se quiser retomar a liderança e ampliar sua base de apoio.

O mais preocupante para a esquerda, no entanto, é o aumento das rejeições. Boulos aparece com 48% de rejeição, seguido de perto por Marçal e Nunes. O que isso nos diz? Que a polarização exacerbada e o discurso ideológico, que já marcaram as últimas eleições nacionais, estão novamente em cena. E mais do que isso, que o eleitor parece cansado de promessas grandiosas e busca soluções mais concretas, ainda que alinhadas com valores tradicionais e conservadores.

Essa pesquisa é um indicativo claro da direção que o eleitorado paulistano está tomando. A onda conservadora é visível e não pode mais ser ignorada. E não se trata apenas de São Paulo. O Brasil, como um todo, vive um momento de reavaliação política, onde valores como ordem, segurança e tradição estão voltando ao centro do debate. A eleição de 2024, ao que tudo indica, será marcada por esse movimento, e as forças progressistas precisarão de mais do que slogans e narrativas para reverter esse quadro.

A questão que fica é: até que ponto essa onda conservadora será capaz de transformar o cenário político nacional? E o que resta à esquerda, que parece cada vez mais distanciada dos anseios populares? A resposta, como sempre, está nas urnas. Mas o sinal de alerta está aceso.

 

Padre Carlos