As eleições de 2024 têm trazido à tona uma série de manobras políticas que desafiam os limites da ética. Em Vitória da Conquista, a prefeita Sheila Lemos, candidata à reeleição pelo União Brasil, está enfrentando uma situação que ultrapassa os debates legítimos do processo democrático: a difusão de conteúdo nas redes sociais que a associa falsamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Trata-se de uma ação covarde e criminosa, que não apenas ataca sua reputação, mas também distorce a verdade com o claro objetivo de manipular o eleitorado.
Sheila Lemos busca, de forma justa, junto à Justiça Eleitoral, que plataformas como Facebook e Instagram removam esses conteúdos caluniosos. A estratégia que associa Sheila a Bolsonaro é uma tentativa de criar uma imagem negativa da candidata, explorando um cenário político polarizado e tirando proveito da rejeição que o ex-presidente ainda gera em setores do eleitorado. O Partido ou grupo de militântes, ao usar essa tática, expõe a falta de limites em campanhas que deveriam primar pela honestidade e pelo respeito à inteligência do eleitor.
É inadmissível que, em pleno século XXI, com toda a legislação e ferramentas disponíveis para assegurar eleições justas, certos aparelhos de propaganda recorram a práticas tão rasteiras e desonestas. A propagação de notícias falsas, a famosa “fake news”, é um fenômeno que já causou danos imensuráveis à integridade de processos eleitorais ao redor do mundo. E agora, vemos essa praga se alastrando em Vitória da Conquista, prejudicando uma mulher que, goste-se ou não de suas posições políticas, tem o direito de disputar uma eleição de forma digna.
O ato de vincular indevidamente uma candidata a uma figura política que ela não apoia é uma forma de desinformação que desequilibra o pleito. A própria Justiça Eleitoral, ao acatar o pedido de remoção dos conteúdos, reconheceu a gravidade da situação. No entanto, essa vitória jurídica não anula o estrago que já foi feito. Uma vez que a mentira se espalha, é difícil revertê-la, e o dano à imagem de Sheila pode já ter sido causado. Isso é o que torna essa prática tão perniciosa: o ataque é rápido, mas a defesa é lenta e, muitas vezes, ineficaz para restabelecer a verdade.
Além do mais, o caso de Sheila Lemos é emblemático do que muitas mulheres na política enfrentam. A violência política de gênero é uma realidade, e essas tentativas de deslegitimar uma candidatura feminina usando mentiras são uma forma de minar a presença das mulheres nos espaços de poder. A política é um campo já marcado por disputas duras, mas quando essas disputas se transformam em campanhas difamatórias e desleais, toda a sociedade perde.
Precisamos de ética nas campanhas eleitorais. O debate político deve ser robusto, sim, e as críticas aos candidatos, legítimas. No entanto, a fronteira entre o debate justo e a calúnia deve ser respeitada. O uso criminoso das redes sociais para espalhar desinformação é um atentado à democracia. Cada eleição é uma oportunidade de fortalecer nossas instituições e promover um ambiente político mais saudável. Quando permitimos que a mentira e a covardia dominem o cenário, colocamos em risco o próprio futuro do processo democrático.
Que este episódio sirva de alerta. Sheila Lemos tem o direito de disputar a reeleição sem ser alvo de ataques injustos e falsos. As redes sociais, por sua vez, têm a responsabilidade de agir com celeridade na remoção de conteúdos fraudulentos, enquanto a Justiça Eleitoral deve seguir vigilante para garantir que eleições sejam decididas com base em fatos, e não em manipulações.
A política deve ser um campo de ideias e propostas, não de mentiras e ataques pessoais. Que as eleições de 2024 em Vitória da Conquista e em todo o Brasil sejam um exemplo de respeito à ética, à verdade e, acima de tudo, ao eleitor.