O cenário eleitoral de Vitória da Conquista começa a se desenhar com contornos preocupantes para a base governista do governador Jerônimo Rodrigues. A fragmentação entre os dois candidatos ligados ao governo – o deputado federal Waldenor Pereira (PT) e Lúcia Rocha (MDB) – parece ser um problema latente. Essa divisão pode favorecer diretamente a atual prefeita, Sheila Lemos, que está em vias de consolidar sua reeleição, potencialmente ainda no primeiro turno.
A recente participação do ministro da Casa Civil e ex-governador, Rui Costa, em um ato político ao lado de Waldenor Pereira, levanta ainda mais questionamentos. A ausência de Jerônimo em eventos dessa natureza, em um município de relevância política e estratégica como Conquista, não passou despercebida. Rui, ao ser questionado, afirmou que não poderia falar pelo governador, mas indicou que em situações como essa, é prudente manter a neutralidade. Ele próprio já vivenciou algo semelhante quando ocupava o Palácio de Ondina.
Contudo, a neutralidade em uma situação onde dois candidatos da mesma base disputam o apoio do eleitorado pode ser um tiro no pé. O silêncio de Jerônimo, aliado à força dividida entre Waldenor e Lúcia Rocha, abre espaço para a prefeita Sheila Lemos crescer, fortalecida pela fragmentação adversária. O governador parece estar entre a cruz e a espada: se optar por apoiar um dos candidatos, corre o risco de alienar uma parte significativa de sua base. No entanto, ao escolher a neutralidade, pode estar deixando o caminho livre para a vitória de Sheila.
Não é apenas uma questão local. Vitória da Conquista, a terceira maior cidade da Bahia, possui um peso político expressivo, e o resultado dessa eleição impactará não apenas a gestão municipal, mas também as articulações futuras para o cenário estadual. Se Jerônimo Rodrigues deseja consolidar sua liderança e fortalecer sua base para os próximos desafios, será necessário mais do que uma postura neutra. Será preciso uma estratégia clara, que envolva decisões firmes e ações concretas.
O eleitorado, atento a essa disputa, pode se cansar dessa divisão interna e acabar optando pela continuidade. A base governista deve refletir seriamente sobre essa divisão, ou pode estar fadada a ver uma derrota se materializar já no primeiro turno, algo que poderia ter sido evitado com uma articulação mais coesa e firme. A eleição em Vitória da Conquista está longe de ser apenas um assunto local – é um termômetro do futuro político da Bahia.