(Padre Carlos)
Mais uma vez o Bahia sai de campo com uma derrota acachapante, desta vez goleado pelo Fortaleza no Castelão. O placar de 4 a 1 expôs com clareza as falhas gritantes que vêm assolando o time ao longo da temporada: inconsistência defensiva, falta de criatividade no meio-campo e uma ineficácia ofensiva que parece crônica. Essa gangorra de desempenhos, com altos e baixos, tem frustrado a torcida e colocado em xeque o potencial do elenco em buscar voos mais altos no Brasileirão.
O problema não está apenas no resultado, que é, por si só, amargo. O Bahia jogou contra um Fortaleza organizado e com jogadores como Marinho, que desequilibram com atuações individuais impressionantes. A questão central está no desempenho coletivo do time tricolor, que peca em vários aspectos fundamentais.
O primeiro grande ponto de vulnerabilidade é a defesa. A atuação de Gabriel Xavier e Cuesta foi abaixo do esperado, expondo Marcos Felipe a situações de risco constante. As falhas de marcação e os espaços deixados pelos laterais foram explorados de forma cirúrgica pelo Fortaleza, especialmente por Marinho, que causou pesadelos à defesa baiana. A falta de compactação entre defesa e meio-campo deixa o Bahia à mercê dos contra-ataques, como vimos nos dois primeiros gols do Fortaleza.
No ataque, o cenário não é muito diferente. Everaldo até marcou o único gol do Bahia, mas sua atuação foi irregular. Falta uma referência sólida e constante na área. Thaciano, por sua vez, parece estar cada vez mais distante de seu melhor futebol, com chutes fracos e decisões equivocadas no terço final do campo. Rogério Ceni, técnico do Bahia, parece estar buscando soluções, mas até agora não conseguiu encontrar um sistema que faça o time jogar de forma equilibrada.
O Bahia também parece sofrer psicologicamente após levar o primeiro gol. O time se desorganiza rapidamente, e o desespero toma conta, o que favorece adversários experientes como o Fortaleza. Em uma competição tão acirrada como o Brasileirão, consistência e controle emocional são tão importantes quanto a qualidade técnica.
Com 42 pontos e ocupando a 6ª colocação, ainda há esperança de reverter a situação, especialmente com o próximo jogo contra o Criciúma, em casa, na Arena Fonte Nova. Mas será necessário muito mais do que boas intenções para superar esse cenário. É preciso ajustar a defesa, melhorar o entrosamento no meio-campo e, sobretudo, fortalecer o psicológico dos atletas.
A torcida está cansada de ver um time de altos e baixos, que oscila entre grandes atuações e vexames como o de ontem. Resta saber se o Bahia terá capacidade de aprender com seus erros, corrigir os gargalos e, finalmente, entregar o futebol que se espera de um clube com sua tradição. Caso contrário, essa gangorra pode levá-lo para uma queda difícil de se recuperar.
Que o próximo jogo seja não apenas uma nova oportunidade de vencer, mas uma chance de se redimir com a torcida e, quem sabe, buscar a tão almejada consistência que o Bahia tanto precisa.