Política e Resenha

A Armadilha das Apostas: Quando Empresas de Concessão Pública Brincam com a Mente de uma Geração

 

 

Vivemos tempos sombrios, onde os conglomerados de mídia, que deveriam zelar pela responsabilidade social e informar a população, mergulham nas profundezas de um novo vício: o das apostas. O tráfico de substâncias químicas há muito é reconhecido como um crime hediondo, que destrói vidas, famílias e comunidades. No entanto, devemos nos perguntar: qual a diferença entre um traficante que oferece drogas ilícitas e essas corporações que agora buscam viciar psicologicamente o povo brasileiro? O objetivo é o mesmo: criar dependência, gerar lucro, controlar mentes. A única diferença é o “produto” oferecido.

Quando olho para essa realidade, sinto um peso profundo no coração. Será que foi para isso que entregamos os melhores anos de nossa juventude? Lutamos para construir um país onde as gerações futuras pudessem viver com dignidade, liberdade e consciência. Hoje, esse sonho parece diluído em um cenário de exploração. Que vergonha! Que tristeza! Onde estão os princípios éticos que deveriam nortear a concessão pública de meios de comunicação?

Os conglomerados Globo e SBT, gigantes da mídia brasileira, agora almejam lucrar com as apostas esportivas, utilizando-se de lacunas legais e acordos multinacionais para driblar restrições regulatórias. É revoltante que, em um país marcado por desigualdades, a nova armadilha para o povo não venha das ruas escuras de traficantes, mas dos escritórios luxuosos de grandes corporações.

A legislação vigente, especialmente o artigo 18 da lei 14.790, tenta impedir que agentes de apostas tenham controle sobre direitos de transmissão de eventos esportivos. Entretanto, essa mesma lei permite que conglomerados de mídia participem de forma “minoritária” em sociedades de apostas, como vemos no caso da Globo com a BetMGM e do SBT com a TQJ. Será que a diferenciação entre ser “minoritário” ou “controlador” realmente importa quando o impacto final é o mesmo? A linha entre a legalidade e a moralidade parece cada vez mais tênue.

Os relatos de acordos obscuros entre a Globo, o SBT e multinacionais do ramo de apostas demonstram um desprezo pela saúde mental e emocional da população. A dependência psicológica gerada por jogos de azar não é menos devastadora do que a causada por substâncias químicas. O vício em apostas destrói vidas silenciosamente, corroendo as finanças, os laços familiares e, sobretudo, a esperança de um futuro melhor. A manipulação emocional é tamanha que as apostas, apresentadas como entretenimento inofensivo, se tornam um ciclo vicioso sem saída para muitos.

O mais preocupante é a forma como essas corporações justificam suas ações. Alegam, por meio de comunicados, que estão seguindo seu “código de ética” e que a transmissão de eventos esportivos em seus canais não interferirá na cobertura jornalística. Mas é impossível ignorar o conflito de interesses inerente a essa situação. Como confiar na imparcialidade de uma emissora que lucra diretamente com o sucesso de apostas que, por sua vez, dependem dos eventos que ela mesma transmite?

Essa combinação perigosa de mídia e apostas pode ser vista como uma forma moderna de “escravização” mental, onde o objetivo é manter o público eternamente preso em um ciclo de ansiedade, euforia e dependência. Onde estão as vozes que deveriam clamar por justiça? Onde está o governo, que deveria proteger a população dessas práticas nefastas? É lamentável ver que, em vez de impor regras rígidas e definitivas, o sistema parece inclinado a acomodar os interesses de grandes corporações, deixando o povo à mercê de mais uma forma de exploração.

Se é para construir um país em que corporações utilizem suas concessões públicas para perpetuar vícios e explorar psicologicamente o povo, então estamos falhando de maneira catastrófica. Deus tenha piedade de nós, pois estamos caminhando para um futuro onde a liberdade de escolha é uma ilusão, e as grandes corporações determinam o que é entretenimento e o que é dependência. As apostas estão sendo lançadas, e quem sairá derrotado, como sempre, é o povo brasileiro.

Que esse país não se deixe seduzir pelas armadilhas disfarçadas de oportunidades e entretenimento. É hora de despertar, de exigir ética e responsabilidade daqueles que detêm o poder de moldar as mentes de uma nação.

Que Deus tenha misericórdia de todos nós.