Quando cheguei em Vitória da Conquista no final da década de oitenta, vindo de Salvador, deparei-me com uma cidade que ostentava uma vocação singular: o cultivo de flores em praticamente todas as casas. Diversos tipos de rosas adornavam os jardins, e a Praça das Borboletas era um espetáculo à parte, onde se podia apreciar uma diversidade impressionante de flores. Para mim, recém-chegado da capital baiana, era difícil entender como as pessoas não arrancavam as flores ou pisavam nos jardins. Essa preservação e respeito pela natureza me fascinavam.
Vitória da Conquista, por se distanciar do litoral, desenvolveu uma cultura mais conservadora, influenciada visivelmente pelo norte de Minas Gerais. Essa influência se manifestava no zelo pelos espaços verdes e na manutenção das tradições que formavam o caráter da cidade. A cidade das flores, como era conhecida, viu essa tradição se enfraquecer ao longo das décadas, mas agora, com a inauguração da Catedral das Flores, vemos um renascimento dessa identidade.
A prefeita de Vitória da Conquista, ao anunciar essa obra, destacou a importância de resgatar e reinventar as tradições da cidade. Com seus impressionantes 12 metros de altura e 200 metros quadrados de área construída, a Catedral das Flores não é apenas um espaço de contemplação e lazer; é uma obra arquitetônica singular que simboliza o renascimento florístico da cidade. Esta catedral é uma ponte entre o passado e o futuro, entre o sagrado e o natural.
A cultura de cultivar flores, que outrora foi uma característica marcante de Vitória da Conquista, está sendo revigorada. A Catedral das Flores se torna, assim, um emblema dessa renovação, um espaço onde a beleza das flores se encontra com a grandiosidade da arquitetura, celebrando a harmonia entre a natureza e o homem.
Essa iniciativa da gestão municipal é um passo significativo para preservar e valorizar as tradições locais, ao mesmo tempo em que se abre para o futuro. A Catedral das Flores é mais do que um local de visitação; é um símbolo de identidade e orgulho para os conquistenses. Ao reintegrar a natureza e a cultura, Vitória da Conquista reafirma sua vocação como a Cidade das Flores, celebrando sua história e construindo um legado para as futuras gerações.