É profundamente preocupante observar como certas forças políticas insistem em desrespeitar a vontade popular expressa nas urnas. O caso de Vitória da Conquista ilustra perfeitamente uma prática que corrói nossa democracia: a tentativa obstinada de reverter no Judiciário o que não se conseguiu conquistar pelo voto.
A prefeita Sheila Lemos obteve uma vitória clara nas urnas com 58,73% dos votos. O Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, confirmou sua elegibilidade. Mesmo assim, testemunhamos uma coligação que se recusa a aceitar o resultado, recorrendo a interpretações forçadas da Constituição para tentar invalidar a escolha legítima da população conquistense.
O argumento da inelegibilidade reflexa baseada em parentesco não se sustenta quando analisado com seriedade jurídica. Os advogados da prefeita demonstraram isso com clareza: a mãe da prefeita, Irma Lemos, exerceu apenas substituição temporária como vice-prefeita por questões de saúde, não configurando o impedimento previsto no artigo 14 da Constituição.
O que assistimos é um espetáculo lamentável de desrespeito à soberania popular. Quando um candidato sofre uma derrota nas urnas e busca incansavelmente reverter esse resultado por vias judiciais, demonstra um profundo desprezo pelo processo democrático. O povo de Vitória da Conquista fez sua escolha de forma clara. Esta tentativa persistente de “ganhar no tapetão” revela não apenas desespero político, mas também uma incapacidade de compreender a mensagem enviada pelo eleitorado.
O que mais entristece é o efeito corrosivo dessas manobras sobre a confiança nas instituições. Quando perdedores recorrem continuamente contra resultados legítimos, semeiam dúvidas sobre o processo eleitoral e desgastam a legitimidade do sistema democrático que deveria ser preservado por todos.
É hora de um novo compromisso com o respeito à vontade popular. Os derrotados nas urnas precisam desenvolver a dignidade de reconhecer os resultados e trabalhar para conquistar a confiança do eleitorado para o próximo pleito, apresentando projetos e ideias melhores, não tentando invalidar escolhas legítimas por meio de chicanas jurídicas.
Nossa democracia merece mais que isso. O povo de Vitória da Conquista merece mais que isso. E todos nós, cidadãos comprometidos com um Brasil melhor, precisamos defender intransigentemente o respeito ao voto popular e à legitimidade do processo eleitoral, sem o qual não existe verdadeira democracia.