Política e Resenha

A Duplicação da Rio-Bahia: Entre a Esperança e a Realidade 

 

 

 

 

 

 

As evidências são claras: a duplicação da Rio-Bahia, outrora um sonho compartilhado por muitos, hoje não se configura como prioridade para o governo estadual e federal. A falta de vontade política por parte de nossos representantes é gritante. Enquanto o governo através do DENIT deixa claro que só se compromete  com manutenções e operações emergenciais – soluções que mais parecem “tapar buraco” – investir em um projeto de duplicação concreto permanece um ideal distante para o Sudoeste baiano. 

Quando a VIABAHIA fez a proposta de adicionar uma faixa adicional na BR-116, em vez da duplicação completa, gerou intensos debates e discordâncias. Rejeitamos essa alternativa porque o contrato original previa a duplicação, e a faixa adicional, além de representar um descumprimento contratual, não oferece o mesmo nível de segurança, especialmente em colisões frontais. 

No jargão da engenharia, essa terceira faixa é vista apenas como um aumento da capacidade de fluxo – uma solução mais barata e rápida, defendida pela VIABAHIA com a anuência do governo e seus representantes. Embora melhore a fluidez do trânsito, não oferece os benefícios abrangentes de uma via duplicada. Orçamentos do DNIT em regiões montanhosas de Minas Gerais demonstram a viabilidade dessa abordagem. Na Bahia, com o preço médio do km de asfalto rondando R$ 1,5 milhão, questionamos se não seria mais sensato investir em 100 km de duplicação no Sudoeste, do entroncamento para Belo Campo até Planalto, já que a duplicação completa parece inviável. 

A expressão “quem não tem cão, caça com gato” ilustra bem o cenário: diante das limitações financeiras e políticas, somos forçados a aceitar alternativas que, embora inferiores ao contrato original, garantam melhoria na mobilidade do Sudoeste baiano. Para isso, a bancada da Bahia precisa entender que esta luta não é regional, mas de todo o estado, e o trecho reivindicado é o cartão postal de entrada na Bahia. Precisamos lutar por uma emenda de bancada. 

Existem vários tipos de emenda – Pix, impositiva, de comissão – mas a emenda de bancada possui um valor substancial que, com vontade política, pode viabilizar a duplicação. O trecho proposto   custaria cerca de 300 milhões, menos da metade da emenda de bancada da Bahia. É crucial que nossos representantes em Brasília transformem esse recurso em realidade, em vez de mera esperança. Assim, entre o ideal e o real, adaptamos nossas estratégias, esperando que um dia a duplicação deixe de ser um sonho e se torne realidade. 

Será que a região Sudoeste não merece 100 km de duplicação, já que duplicar  de forma completa não é possível. Será que os deputados não concordam em colaborar com Vitória da Conquista, onde todos os 39 deputados da Bahia recebem votos, e com toda a região atendida? 

 

José Maria Caires 

DUPLICA SUDOESTE