Em um mundo marcado por incertezas, divisões e desafios que parecem insuperáveis, a esperança se ergue como um farol a iluminar os caminhos da humanidade. Não uma esperança vaga, utópica ou distante, mas uma esperança concreta, encarnada, que nos convoca a ser peregrinos da fé no meio dos homens e mulheres de nosso tempo. Estamos imersos no Jubileu da Igreja, um tempo sagrado de arrependimento, renovação e, sobretudo, da manifestação generosa da Misericórdia do Senhor. Um tempo que nos chama a seguir o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo e nos oferece vida em abundância.
A esperança cristã não é um sentimento passageiro nem uma construção humana. Ela é dom, é graça, é fruto do encontro com Aquele que é a própria fonte da vida: Jesus Cristo. Como bem nos recorda o Papa Francisco, a esperança não é uma ideologia, não é um sistema econômico ou tecnológico. A esperança é Ele, o Filho de Deus encarnado, que nos revela o rosto misericordioso do Pai e nos convida a viver como irmãos. Essa esperança é o coração do Jubileu, um tempo em que a Igreja se abre para acolher a todos, sem exceção, pois ninguém fica de fora do amor de Deus.
No entanto, seguir o Cordeiro de Deus não é uma jornada isenta de desafios. A vida cristã é um caminho de fé que exige passos concretos, dia após dia. Não há fé instantânea, pronta, acabada. A fé cresce quando nos alimentamos da Palavra de Deus, quando nos deixamos transformar pela Eucaristia e quando nos colocamos a serviço dos irmãos, especialmente dos mais pobres e necessitados. A vida comunitária, especialmente nas paróquias, é um espaço privilegiado para esse encontro com o Senhor e para a vivência da caridade fraterna.
Neste Jubileu, somos chamados a ser sinais de esperança em nossas comunidades. Esperança que não se esconde diante das noites escuras da vida, mas que, mesmo nas provações mais difíceis, permanece firme na certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus (cf. Rm 8,39). A amizade com Jesus é o penhor dessa paz profunda, uma paz que transcende as circunstâncias e nos sustenta mesmo quando não “sentimos” ou “vemos” a presença de Deus.
O Cordeiro de Deus, levantado na cruz do Calvário, é a expressão máxima do amor divino. Ele carrega sobre si os pecados da humanidade e nos oferece a possibilidade de uma vida nova. Esse é o grito do Jubileu: somos portadores de uma esperança divina que visita a todos, que transforma vidas, que liberta os cativos, devolve a vista aos cegos e proclama um ano da graça do Senhor (cf. Lc 4,18). Estamos debaixo dessa graça, e não podemos perder tempo com ocupações inúteis que nos afastam do essencial: a amizade com o Senhor e o serviço aos irmãos.
O Papa Francisco nos lembra que o Senhor sempre nos precede no encontro. Ele é o primeiro a nos procurar, a nos estender a mão, a nos oferecer seu amor misericordioso. Cabe a nós responder a esse chamado com generosidade, deixando-nos guiar pelo Espírito Santo em nossa missão de anunciar o Evangelho ao mundo. Não podemos parar no meio do caminho. Temos a Virgem Maria como intercessora fiel, que nos guarda contra todo mal e nos conduz ao seu Filho.
Que este Jubileu seja, para cada um de nós, um tempo de graça, de conversão e de crescimento na fé. Que nossos corações, voltados para o alto, sejam também plantados no chão da história de hoje, levando esperança aos que sofrem, luz aos que estão nas trevas e amor aos que se sentem abandonados. A esperança nos convoca. Somos peregrinos da Misericórdia, e o mundo espera por nós. Sigamos o Cordeiro de Deus, pois Ele é o caminho, a verdade e a vida.
Que a esperança nos una e nos impulsione a construir, já aqui e agora, um mundo mais fraterno, justo e cheio do amor de Deus.
Padre Carlos