Política e Resenha

A Estagnação da Esquerda e o Crescimento da Direita em Vitória da Conquista

 

 

 

 

 

Uma análise dos números eleitorais recentes em Vitória da Conquista revela um cenário preocupante para a esquerda local. O desempenho do PT e de seus aliados nas últimas eleições demonstra uma estagnação que contrasta fortemente com o crescimento da direita, que vem ampliando sua base de apoio de forma expressiva na cidade. Essa tendência reflete uma dificuldade crônica da esquerda em capitalizar novos eleitores e renovar suas estratégias políticas, resultando em um quadro eleitoral desfavorável.

Começando pela eleição de 2020, quando o PT já mostrava sinais de enfraquecimento, a estagnação se torna evidente na comparação com as eleições subsequentes. Nas eleições de 2022 para o governo do estado, o candidato Jerônimo Rodrigues (PT) obteve praticamente o mesmo número de votos que em 2020, com apenas 53 votos a mais. Enquanto isso, o número de eleitores na cidade cresceu significativamente entre esses dois períodos, adicionando 22.354 novos eleitores ao colégio eleitoral de Vitória da Conquista. Esse crescimento, no entanto, não se refletiu em uma expansão da base de apoio do PT, que não conseguiu converter esses novos eleitores em votos.

Zé Raimundo, outro líder histórico do partido, alcançou 82.942 votos em 2020 enquanto Jerônimo Rodrigues, para governador em 2022 obteve 82.995 votos. Esses números, praticamente inalterados desde as eleições anteriores, mostram que o PT e seus aliados ficaram confinados aos seus redutos tradicionais, sem conseguir atrair novos eleitores.

Esse cenário se torna ainda mais crítico quando analisamos os resultados das eleições de 2024. O desempenho da esquerda, que já estava estagnado, mostrou uma retração preocupante. Waldenor Pereira, um dos principais nomes do PT na cidade, obteve apenas 52.947 votos, um número consideravelmente abaixo do esperado. Enquanto isso, a direita em Vitória da Conquista experimentou um crescimento notável. Novos eleitores, que poderiam ter sido conquistados pela esquerda, migraram para o campo conservador, ampliando a base de apoio dos partidos de direita na cidade. Esse crescimento não foi apenas quantitativo, mas também qualitativo, com a direita sendo capaz de dialogar com segmentos antes ignorados pela esquerda. Esse movimento sugere uma capacidade de adaptação e renovação das estratégias da direita, que soube se alinhar às novas demandas da sociedade.

O contraste entre a estagnação da esquerda e o crescimento da direita em Vitória da Conquista levanta questões importantes sobre a atuação do PT na cidade. Durante os anos em que esteve à frente da prefeitura, o partido não conseguiu consolidar um projeto de longo prazo que formasse novos quadros e engajasse a população de forma mais ampla. A falta de renovação e a incapacidade de ampliar sua base de apoio são fatores que agora cobram um preço alto. A esquerda, que já foi hegemônica na cidade, vê-se hoje restrita aos mesmos contingentes de eleitores de sempre, enquanto a direita amplia seu alcance.

Esse cenário coloca a esquerda de Vitória da Conquista em uma posição delicada. Sem uma autocrítica profunda e uma renovação de práticas, o risco é que o PT continue a perder relevância nas futuras disputas eleitorais, tornando-se uma força política cada vez mais minoritária na cidade. A direita, por outro lado, soube capturar o crescimento do eleitorado e usá-lo para expandir sua influência, colocando-se em uma posição de vantagem para os próximos pleitos.

A mensagem enviada pelas urnas é clara: a esquerda precisa se reinventar para não ser relegada à irrelevância. Se o PT não encontrar maneiras de renovar seu discurso e suas práticas, corre o risco de se tornar incapaz de disputar as grandes decisões políticas de Vitória da Conquista, enquanto a direita continuará a definir o cenário político local.

O grande desafio da esquerda conquistense será, portanto, ir além de sua base fidelizada, buscando reconquistar o apoio de um eleitorado em transformação. Caso contrário, a possibilidade de retomar a prefeitura e se reposicionar como uma força política relevante na cidade ficará cada vez mais distante.