A recente tentativa de impugnação da candidatura de Lucas Batista à vereança de Vitória da Conquista revela muito mais do que uma simples disputa política. Este episódio expõe as profundas fissuras em nossa sociedade, onde o medo do novo e as tensões raciais ainda exercem uma influência perniciosa sobre o processo democrático.
A Federação União e Reconstrução por Conquista, ao tentar barrar Batista com argumentos frágeis sobre prazos não cumpridos, demonstra uma tática comum, mas deplorável: usar a burocracia como arma contra adversários promissores. É uma manobra que revela mais sobre o temor dos oponentes do que sobre qualquer suposta irregularidade.
Quando Batista declara “Eles estão com medo do negão”, ele não apenas se defende; ele expõe uma verdade incômoda sobre a política brasileira. A sub-representação de negros nas esferas de poder não é acidental, mas sintomática de um sistema que resiste à mudança e à diversidade genuína.
A ausência de candidatos negros nas chapas adversárias, conforme apontado por Batista, é um espelho vergonhoso de nossa realidade política. É um lembrete gritante de que, mesmo em uma nação majoritariamente negra e parda, os corredores do poder ainda são dominados por uma elite que não reflete a diversidade de nossa população.
A trajetória de Batista, reconhecida até por seus adversários políticos como a de um “trator”, é testemunho de sua competência e determinação. Sua confiança na Justiça Eleitoral e sua firme convicção de ter cumprido todas as exigências legais demonstram um compromisso com a integridade que deveria ser a norma, não a exceção, na política.
Mais do que uma candidatura, Batista representa um desafio ao status quo. Sua presença na disputa eleitoral é um grito de resistência contra um sistema que frequentemente busca marginalizar vozes dissonantes e perspectivas inovadoras. Ao afirmar que “O negão chegou com força e com determinação”, ele não apenas anuncia sua candidatura, mas convoca toda uma comunidade historicamente silenciada a se fazer ouvir.
Este episódio nos obriga a refletir: que tipo de democracia estamos construindo se as tentativas de silenciar candidatos promissores são mais frequentes que os debates sobre propostas e ideias? A política do medo e da exclusão só serve para enfraquecer nossas instituições e perpetuar injustiças históricas.
A coragem de Batista em enfrentar não apenas as acusações infundadas, mas também em nomear o preconceito racial subjacente, é um exemplo poderoso. Ele não apenas se defende, mas desafia todo o sistema a ser melhor, mais justo e verdadeiramente representativo.
Em um cenário ideal, a diversidade de candidaturas seria celebrada como um sinal de saúde democrática, não temida como uma ameaça ao poder estabelecido. A tentativa de impugnação, ao contrário do pretendido, serviu para fortalecer a posição de Batista, amplificando sua voz e mensagem.
Este caso nos lembra que a verdadeira mudança política muitas vezes vem não dos corredores do poder, mas das vozes corajosas que se recusam a ser silenciadas. Lucas Batista, ao enfrentar esta adversidade com dignidade e determinação, não está apenas lutando por sua candidatura, mas por um futuro político onde o mérito e a representatividade triunfem sobre o medo e o preconceito.
A lição é clara: aqueles que recorrem a táticas de exclusão revelam sua própria fraqueza e insegurança. A verdadeira força reside naqueles que, como Batista, ousam desafiar o sistema, inspirando outros a sonhar com uma política mais inclusiva, justa e verdadeiramente democrática.