Como bem diz o poeta: “Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia… Tudo passa, tudo sempre passará”. Assim também é a política: vem em ondas, ora suaves, ora revoltas, quebrando à direita ou à esquerda, como um espetáculo ininterrupto. Em Vitória da Conquista, nossa análise começa no final do século passado, quando a maré da esquerda invadiu a cidade com a onda Guilherme Menezes. Era um prenúncio de tempos em que a esquerda romperia as barreiras geográficas para se fazer sentir em escala global.
Lula no Brasil, Obama nos EUA, Mujica no Uruguai, Zapatero na Espanha, Chávez na Venezuela: cada qual foi um surfista habilidoso, conduzindo suas nações em momentos de marés ascendentes. Mas, como o mar, a política é dinâmica. A onda que eleva também pode recuar. Hoje, vivemos tempos de uma maré de direita, que avança com força e intensidade em diversas partes do mundo.
Aqui em Conquista, a força dessa onda varreu o PT do cenário central. A pergunta que não cala é: por que isso acontece?
O Mar das Alternâncias
Se há algo que aprendemos ao observar o oceano da política é que carisma e estratégia são os ventos que impulsionam as ondas. Guilherme foi, para a esquerda de Conquista, um marco. Um líder com uma conexão genuína com o povo, carregado de ideias inovadoras e uma presença magnética. No entanto, como todo grande ciclo, o tempo trouxe novos desafios. O carisma que fez de Guilherme uma referência não encontrou sucessores com igual brilho. O PT, ao não renovar seus quadros nem construir projetos que ressoassem como antes, abriu brechas para que a direita conquistasse espaço.
Herzem Gusmão, com sua habilidade política, soube aproveitar o momento. Reconhecendo a força da base de Guilherme, incorporou-a parcialmente, atraindo aliados estratégicos e deslocando o eixo político da cidade. Sua liderança firmou-se, até sua trágica morte abrir um novo capítulo para Conquista. E quem assumiu a dianteira? Uma mulher (Sheila Lemos), com habilidade política refinada, que conseguiu não só vencer, mas impor uma derrota categórica aos seus adversários.
Mudanças Aceleradas
No século passado, regimes políticos e econômicos alternavam-se em décadas. O avanço das comunicações mudou esse ritmo. As ideias se propagam com a velocidade de um clique, e os movimentos políticos tornaram-se mais rápidos, intensos e, muitas vezes, efêmeros.
Começamos o século XX com revoluções comunistas, avançamos para regimes fascistas e ditaduras militares, até a ascensão das democracias. O século XXI abriu com um tsunami de esquerda, mas hoje a direita domina as ondas. É a dança do pêndulo, mas mais veloz e imprevisível.
Lições para os Surfistas da Política
Nesse mar revolto, o que podem aprender os surfistas do marketing político? Uma coisa é clara: mudar a direção do barco é arriscado. Quem se apressa a adotar as cores da onda do momento corre o risco de perder sua identidade e ser visto como oportunista. A estratégia mais sábia é adaptar as pautas às demandas da sociedade sem trair os valores que sustentam a credibilidade de um político.
A eleição em Conquista ilustra bem isso. Judicializar uma derrota é, antes de tudo, um reconhecimento de que a onda foi avassaladora. Mas o importante não é apenas entender por que a onda mudou, e sim preparar-se para surfar a próxima. Afinal, como na política, a vida segue, em ondas como o mar.
E você, leitor, está pronto para observar e entender as marés da nossa política?