Política e Resenha

A Queda na Aprovação de Jerônimo Rodrigues: Um Alerta ou um Diagnóstico?

 

 

 

Os números não mentem, mas precisam ser interpretados com cuidado. A mais recente pesquisa Quaest, divulgada em 12 de dezembro, aponta uma queda significativa na aprovação do governo Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia: de 63% em julho para 54% em dezembro. Além disso, há um aumento do índice de baianos que acreditam que o estado está piorando.

Por trás desses dados está um retrato mais complexo: uma gestão que enfrenta desafios, mas que também lida com expectativas talvez maiores do que a capacidade real de entregas a curto prazo.

O Que os Números Revelam?

A queda de 9 pontos percentuais na aprovação não é desprezível. Ela reflete descontentamentos que podem estar ligados a áreas sensíveis como segurança pública, saúde e educação, temas historicamente problemáticos no estado.

O aumento no número de pessoas que desaprovam a gestão (de 32% para 35%) e o crescimento do índice de indecisos (de 6% para 11%) indicam que a confiança no governo está sendo testada. Quando somamos isso à percepção de que o estado tem piorado, fica claro que o problema não é apenas de comunicação, mas de resultados tangíveis.

Os Desafios de Governar a Bahia

A Bahia é um estado com realidades extremamente diversas, que vão do dinamismo econômico de Salvador e do oeste agrícola ao abandono estrutural de muitas cidades do interior. Governar um estado com essas disparidades requer um equilíbrio delicado entre planejamento estratégico e respostas rápidas a problemas emergentes.

A segurança pública, por exemplo, é uma das maiores preocupações dos baianos, e os índices de violência continuam altos. Na saúde, a demanda por serviços básicos de qualidade segue sendo um desafio. E, na educação, os avanços ainda parecem insuficientes para transformar de fato a realidade de milhares de jovens.

O Papel das Expectativas e da Política

Jerônimo Rodrigues assumiu o governo com o peso de suceder Rui Costa, que teve alta aprovação e deixou uma marca de gestão voltada para obras de infraestrutura. Mas, ao contrário de seu antecessor, Jerônimo precisa lidar com um cenário político mais fragmentado e com cobranças mais imediatas.

Parte do desgaste atual pode ser atribuída à dificuldade de mostrar resultados em áreas estratégicas. Outra parte, porém, é fruto de uma oposição que tem se organizado e encontrado espaço para criticar o governo em temas sensíveis.

O Caminho à Frente

A queda na aprovação não é, necessariamente, uma sentença, mas um alerta. O governador precisa intensificar o diálogo com a população e ajustar as prioridades da gestão, buscando resultados mais visíveis e concretos.

Ao mesmo tempo, a comunicação institucional precisa ser aprimorada. Muitos avanços, ainda que pontuais, acabam perdidos no ruído das redes sociais e das narrativas opositoras. Mostrar o que está sendo feito, e como isso impacta positivamente a vida das pessoas, é fundamental para reconstruir a confiança.

Por fim, é essencial que o governo vá além das medidas paliativas. Problemas estruturais demandam soluções estruturais, e a população, embora crítica, ainda demonstra boa vontade: 54% de aprovação é um número significativo e mostra que há espaço para reconquistar a adesão popular.

O relógio político não para. Com um cenário nacional turbulento e demandas locais urgentes, Jerônimo Rodrigues terá que mostrar, em 2024, se conseguirá reverter a percepção negativa ou se ficará refém das estatísticas. A Bahia não pode esperar.