Política e Resenha

A questão do Homem: a questão de Deus

 

A Pergunta Sem Fim

Desde que Nietzsche proclamou a “morte de Deus”, o mundo nunca mais foi o mesmo. Para alguns, essa morte representou a libertação do ser humano das amarras da religião e a abertura a novas possibilidades de viver a vida em plenitude. Mas será que a ausência de Deus não deixa também um vazio existencial, um caos opressor sem sentido ou orientação, como alertou o filósofo Kolakowski?

Quando olhamos para a história da humanidade, encontramos sinais de que a busca por uma força superior, por um sentido último, pode ser inerente à própria natureza humana. Desde os rituais fúnebres das antigas civilizações até à confiança radical que o bebé deposita no mundo ao nascer, a religião parece entrelaçada com a nossa jornada enquanto seres questionadores.

O ser humano é o “ser da pergunta”, sempre insatisfeito com as respostas que encontra, sempre em busca de mais. E nessa espiral de perguntas, como não acabar por se questionar sobre o Infinito, sobre Deus, sobre o Fundamento último que dá sentido a tudo?

Claro, colocar essa pergunta não prova a existência de Deus. Mas talvez aponte para uma necessidade profundamente enraizada em nós de procurar um Sentido maior, uma âncora de significado para as nossas vidas finitas.

Nesta era marcada pelo “vazio do sentido” de que fala Lipovetsky, em que muitos parecem “estar-se a lixar” para a morte de Deus e dos grandes ideais, talvez seja tempo de reconectar com essa pergunta milenar. Não para encontrar respostas fáceis, mas para abraçar a inquietude que nos torna verdadeiramente humanos.

Porque ser humano é estar sempre a caminho, é nunca parar de questionar. E quem sabe se nessa jornada sem fim não encontraremos, afinal, um propósito que transcende os nossos pequenos eus e nos liga a algo muito maior?