Política e Resenha

A SECA ANUNCIADA: O DRAMA DA ÁGUA FRIA 2 E A NEGLIGÊNCIA HÍDRICA EM VITÓRIA DA CONQUISTA

 

 

 

 

É com profunda indignação, porém não com surpresa, que acompanhamos o perigoso declínio do nível de água na barragem de Água Fria 2, hoje reduzida a meros 58% de sua capacidade nominal – número que, como veremos, mascara uma realidade ainda mais alarmante.

Esta barragem, responsável pelo abastecimento de Vitória da Conquista, Belo Campo e Tremedal, não está simplesmente meio vazia. Está gravemente comprometida pelo assoreamento progressivo que vem ocorrendo desde sua construção. Os bancos de areia visíveis no reservatório não são apenas sintomas da seca, mas testemunhas silenciosas de anos de gestão inadequada e falta de investimentos em conservação.

Enquanto isso, a Embasa nos oferece promessas vagas sobre “fontes alternativas” e “medidas emergenciais” – palavras bonitas que fazem pouco para saciar a sede real dos cidadãos ou preencher um reservatório em declínio. As autoridades responsáveis parecem preferir a retórica à ação concreta.

E o que dizer da Barragem do Catulé? Este projeto, alardeado como solução definitiva para garantir o abastecimento regional nas próximas décadas, arrasta-se a passos de tartaruga. Os cronogramas são constantemente revisados, os prazos estendidos, enquanto a população aguarda com ansiedade crescente, vendo os recursos hídricos existentes literalmente evaporarem diante de seus olhos.

Não podemos aceitar esta situação passivamente! O acesso à água é um direito fundamental, não um privilégio ou moeda de troca política. Cada dia de atraso nas obras do Catulé, cada quilograma de sedimento ignorado em Água Fria 2 representa uma falha institucional que afeta diretamente a qualidade de vida de milhares de cidadãos.

É necessário exigir:

  1. Um plano emergencial de dragagem para recuperar a capacidade real de Água Fria 2;
  2. Transparência absoluta sobre o cronograma e os obstáculos nas obras da Barragem do Catulé;
  3. Investimentos imediatos em programas de conservação das nascentes e matas ciliares que alimentam estes reservatórios;
  4. Prestação de contas regular e pública sobre as medidas tomadas para garantir a segurança hídrica regional.

A crise atual não é fruto apenas da escassez de chuvas – é resultado da escassez de planejamento, de compromisso e de responsabilidade. O período chuvoso está chegando ao fim sem ter reabastecido adequadamente o sistema, e não podemos nos dar ao luxo de esperar o próximo ciclo para agir.

Ainda há tempo para reverter este quadro. A mobilização cidadã, o monitoramento constante e a cobrança firme por ações concretas podem transformar a indignação em motor de mudança. A água é um recurso finito, mas nossa capacidade de organização e pressão popular não deve ter limites quando se trata de defender este bem essencial.

Nossa sede de justiça e boa gestão precisa ser tão forte quanto nossa sede literal. Vitória da Conquista e região merecem mais do que promessas – merecem água limpa, abundante e garantida não apenas para hoje, mas para as gerações futuras.