Política e Resenha

A Utopia como Estrela Guia: Um Caminho de Fé e Esperança

 

 

 

 

Depois de trilhar muitos caminhos, do marxismo ao cristianismo, posso afirmar que sou um homem de fé. Não apenas a fé religiosa, mas uma fé no ser humano, no futuro, em algo maior. Ao longo da vida, passei por várias transformações ideológicas e espirituais. Às vezes, me pergunto se sou uma pessoa “tópica” – aquela que reflete seu tempo e contexto – mas, independentemente das palavras que me definam, existe um conceito que sempre me guiou: a utopia.

Eduardo Galeano, com sua sabedoria poética, nos oferece uma visão fascinante sobre a utopia. Ele diz que a utopia está no horizonte, a cada passo que damos em sua direção, ela se afasta mais dez passos. E assim, seguimos caminhando. Nunca alcançamos a utopia, mas essa é exatamente a sua função: nos fazer caminhar.

Essa ideia de utopia como estrela guia é algo que ressoa profundamente em mim. Ela não é uma fantasia distante, uma ilusão sem valor. Ao contrário, é o que dá sentido ao movimento, ao progresso e à busca incessante pelo melhor. Não se trata de alcançar um ponto final, uma perfeição estática, mas de viver em constante aprimoramento, sempre em busca de algo maior e melhor.

A utopia, para mim, não é o destino. Ela é o caminho.

Na arte de escrever, essa busca pela utopia também se faz presente. Dedicar meus artigos como uma forma de arte, com seus desafios, vitórias e frustrações, é um reflexo dessa caminhada utópica. A pena, de certo modo, é uma ferramenta onde as utopias se tornam possíveis no papel, onde podemos questionar a realidade e imaginar novos mundos. Cada texto, cada artigo, é um ato de fé em algo que pode ser, ainda que nunca completamente ao nosso alcance.

Assim, a utopia não é algo inalcançável no sentido de uma derrota. Ao contrário, é o que me move. Ela é o motor que mantém minhas esperanças em dia, que me faz acreditar que, apesar das adversidades, sempre há algo mais a ser conquistado, um novo horizonte a ser explorado. Não existe um fim definitivo para essa caminhada – e isso é maravilhoso. A beleza da utopia está em sua inatingibilidade. Ela nos obriga a seguir em frente, a melhorar, a evoluir.

Para quem mantém suas utopias em dia, o mundo nunca é estático. É fascinante pensar que a utopia, com toda a sua distância, é o que nos impulsiona a agir no presente. Ela não nos deixa acomodar, nos desafia a continuar, mesmo quando o caminho é difícil. Seja no campo das ideias, das letras ou na vida cotidiana, a utopia é o que transforma a jornada em algo significativo.

No final das contas, acredito que todos nós precisamos de uma utopia. Sem ela, corremos o risco de nos perder na monotonia e na desesperança. A utopia é o combustível da alma, uma espécie de farol que ilumina nossos passos, mesmo quando a escuridão parece dominar.

Eu nunca vou alcançar a utopia, mas isso não importa. Ela existe para me fazer caminhar, e é nessa caminhada que a verdadeira beleza da vida se revela.

Padre Carlos