Em seu pronunciamento na Câmara Municipal, o vereador Luciano Gomes trouxe à tona uma realidade que persiste em diversas comunidades do interior brasileiro: a dificuldade de acesso à água potável. O caso específico do povoado de Coati do Fumaça ilustra perfeitamente como questões burocráticas e falta de continuidade nas políticas públicas podem comprometer serviços essenciais à população.

O vereador relatou que, após identificar a qualidade imprópria da água na região, foram realizadas duas perfurações. A primeira revelou água com alta concentração de sal, enquanto a segunda, embora salobra, apresentava condições para tratamento. Diante desse cenário, através de emendas parlamentares dos deputados Jurandy Oliveira e João Barcelar, foi instalado um dessalinizador na comunidade.

No entanto, o que deveria ser motivo de celebração transformou-se em frustração. Segundo Gomes, um erro administrativo da gestão anterior levou à entrega do sistema antes da conclusão da rede elétrica. Como resultado, o equipamento, descrito pelo vereador como “caríssimo”, encontra-se inutilizado. A situação agravou-se com um impasse: o município alega não ter condições de operacionalizar o sistema, enquanto a SERB (Secretaria Estadual de Recursos Hídricos) está impossibilitada de fazer novos investimentos no equipamento já transferido à prefeitura.

Em seu discurso, Luciano Gomes fez um apelo direto ao atual secretário de Desenvolvimento Rural, Breno, para que realizem uma visita à localidade e busquem soluções conjuntas para o problema. Paralelamente, o vereador destacou outra iniciativa em andamento: um projeto para levar água da Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento) até Coati do Fumaça. O projeto já foi elaborado e entregue à empresa, e o vereador menciona esforços, em conjunto com o deputado João Barcelar, para pressionar a agilização do serviço.

A situação descrita pelo parlamentar revela um cenário preocupante: uma comunidade próxima a Vitória da Conquista, com mais de 200 famílias, sofre com a escassez hídrica, apesar de estar a apenas 8 km da rede da Embasa. Enquanto a solução definitiva não chega, o vereador enfatiza a necessidade urgente de colocar o dessalinizador em funcionamento, permitindo o acesso temporário à água tratada.

O caso de Coati do Fumaça não é isolado. Ele representa um microcosmo das dificuldades enfrentadas por inúmeras comunidades brasileiras, onde projetos importantes são iniciados, mas acabam paralisados por questões técnicas, administrativas ou políticas. A descontinuidade das ações governamentais, somada à falta de coordenação entre diferentes esferas administrativas, muitas vezes resulta em investimentos públicos subutilizados e necessidades básicas não atendidas.

A atuação do vereador, ao trazer o tema à tribuna e cobrar publicamente providências, cumpre o papel fiscalizador do legislativo municipal. Resta saber se seu apelo será ouvido e se as instâncias responsáveis agirão com a urgência que a situação demanda. Afinal, enquanto as soluções não saem do papel, centenas de famílias continuam enfrentando dificuldades para acessar um bem essencial à vida: água potável.