O Banco Central avaliou em documento publicado nesta terça-feira (7) que as discussões dos últimos dias sobre uma possível mudança na meta fiscal do país para o próximo ano aumentaram a incerteza sobre as contas públicas.
Segundo o BC, essa incerteza já pressiona os juros futuros – que servem de base para empréstimos bancários. Ou seja: pode gerar juros maiores do que o esperado.
A instituição também reafirmou a importância da “aplicação firme” das metas fiscais já estabelecidas para “ancorar as expectativas de inflação e, posteriormente, para a condução da política monetária [definir taxas de juros para conter a inflação]”. A explicação é que se o governo gastasse mais, poderia pressionar a inflação.
A informação consta da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, realizada na semana passada, quando a taxa básica de juros da economia brasileira foi reduzida de 12,75% ao ano para 12,25% ao ano.
A instituição acrescentou ainda que o “enfraquecimento” (desencorajamento, abandono) na prossecução de reformas estruturais, bem como a disciplina fiscal, ou seja, em relação às contas públicas, juntamente com outros factores, têm o potencial de aumentar a economia neutra em termos de juros.
Isto, por sua vez, teria “efeitos perniciosos” (prejudiciais) sobre o poder da política de taxas de juro para controlar a inflação e, consequentemente, sobre os “custos de atividade da desinflação” – isto é, sobre a taxa de crescimento. produto interno bruto (PIB) e emprego.
Segundo o Banco Central, a taxa de juros real neutra da economia, que é a referência básica na formulação da definição das taxas básicas de juros (Selic) para limitar a inflação, pode ser definida como uma taxa consistente no médio prazo com a inflação no meta definida pelo governo e o possível crescimento da economia sem criar pressões inflacionárias.