Política e Resenha

Ana Luiza Souto Dompsin: O Feminicídio Não Pode Ficar Impune

 

 

 

 

O brutal assassinato da jovem dentista conquistense Ana Luiza Souto Dompsin, aos 25 anos, não é apenas mais um número nas estatísticas de feminicídio no Brasil — é um grito de revolta contra uma sociedade que, demasiadas vezes, assiste à violência contra mulheres sem a resposta contundente que ela exige. Encontrada morta com um tiro na nuca, em 2021, o caso de Ana Luiza volta a ganhar os holofotes com a aproximação do júri popular do principal acusado, seu companheiro e policial militar.

É impossível não sentir indignação diante da frieza desse crime. Ana Luiza era uma jovem brilhante, cheia de sonhos e talentos, que teve sua vida abruptamente interrompida em um ato que, segundo as investigações, foi perpetrado por alguém que deveria protegê-la, mas que escolheu exercer poder e violência. Essa inversão cruel do papel de quem deveria ser um parceiro é emblemática da face mais nefasta da violência doméstica.

O julgamento, marcado para 13 de dezembro, em Pedra Azul, não é apenas sobre o destino do acusado — é sobre a reafirmação de que a justiça deve ser implacável com os que cometem crimes tão bárbaros. A sociedade não pode tolerar que agentes de segurança pública, investidos de poder e autoridade, usem essas prerrogativas para praticar violência. A punição exemplar desse caso deve servir como mensagem clara de que ninguém está acima da lei, seja qual for sua função ou farda.

Ana Luiza foi silenciada, mas sua memória deve ecoar como um apelo por justiça e por mudanças. Sua morte não pode ser em vão. É preciso reforçar as campanhas de conscientização sobre violência doméstica e feminicídio, melhorar os canais de denúncia, e, acima de tudo, garantir que as vítimas sejam ouvidas e protegidas.

Em cada canto de Vitória da Conquista e Divisa Alegre, há uma ferida aberta por este crime. A comunidade, os amigos e a família de Ana Luiza esperam mais do que um veredicto — esperam que a justiça, tantas vezes tardia e insuficiente, se cumpra. Este é o mínimo que devemos a Ana e a todas as mulheres cujas vidas foram interrompidas pela violência.

Enquanto lutamos por justiça, não podemos esquecer que o feminicídio não é um problema isolado, mas o sintoma de uma cultura de machismo e poder que precisa ser combatida com veemência. Por Ana Luiza e por todas as mulheres, devemos transformar nossa revolta em ação. Que este caso sirva como um marco para dizer, de uma vez por todas: basta!