“Viver e não ter a vergonha de ser feliz”. A frase de Gonzaguinha, tão emblemática em sua canção “O Que É, O Que É?”, reflete um amor apaixonado pela vida, uma ode à existência e à capacidade de extrair alegria de cada momento. Para ele, a vida é uma celebração, uma beleza a ser desfrutada sem medo, com toda a intensidade possível. “A vida é bonita, é bonita e é bonita” — sua poesia, simples e direta, nos convida a viver com plenitude, conscientes de que o presente é um presente que merece ser celebrado.
Fernanda Montenegro, por sua vez, também expressa seu amor à vida, mas de uma perspectiva diferente, moldada pelo peso dos anos e pela proximidade da finitude. “Eu gosto muito da vida, o que eu vou fazer?” Ela não nega a beleza da existência, mas o faz com a lucidez de quem sabe que o fim está próximo. A diferença entre os dois é sutil, mas fundamental: enquanto Gonzaguinha canta a vida com a alegria de quem olha para a frente, Fernanda reflete sobre a vida com a saudade de quem sabe que o tempo está ficando escasso.
E é justamente nesse contraste que encontramos uma harmonia entre os dois pensamentos. Gonzaguinha, com sua vitalidade, nos lembra de que “somos seres de luz”, que devemos valorizar cada instante e viver sem arrependimentos. Ele abraça a vida com otimismo, com fé na capacidade humana de ser feliz, independentemente das adversidades. Já Fernanda, com sua serenidade, nos convida a pensar na finitude não como uma tragédia, mas como uma parte inevitável do ciclo da vida. A “pena” que ela sente ao pensar no momento da partida não diminui o amor que ela tem pela vida; pelo contrário, intensifica-o.
Essa conexão entre o efêmero e o eterno, entre o desejo de viver e a certeza da morte, é o que une as reflexões de Gonzaguinha e Fernanda Montenegro. Se Gonzaguinha nos pede para viver intensamente e de forma livre, Fernanda nos ensina a valorizar cada segundo, pois o tempo que nos resta é precioso. A vida, em ambas as perspectivas, é profundamente bonita. Para Gonzaguinha, ela é uma experiência para ser vivida com ousadia e leveza. Para Fernanda, é uma dádiva que, apesar de finita, merece ser saboreada até o último instante.
Em última análise, ambos nos alertam para a mesma verdade: a beleza da vida está no fato de ela ser passageira. Se Gonzaguinha nos diz que “melhor é ser feliz que ser triste”, Fernanda nos lembra que, no momento de ir, sentiremos a dor da despedida porque, afinal, a vida é algo que se ama. Há uma profundidade nessa consciência, uma beleza em saber que viver intensamente, como Gonzaguinha nos encoraja, é também saber que um dia teremos que deixar tudo para trás, como Fernanda tão sinceramente admite.
A vida, portanto, é bonita porque é finita. O desejo de viver e a consciência da morte se entrelaçam, criando uma sinfonia de emoções que dá sentido a nossa existência. Gonzaguinha e Fernanda Montenegro, cada um a seu modo, nos ensinam que o grande segredo da vida é vivê-la plenamente, com alegria e gratidão, mesmo sabendo que, um dia, ela chegará ao fim.