A visita da vereadora Dra. Lara a Brasília no início desta semana não pode ser tratada como apenas mais uma viagem institucional. O que ela levou aos ministros dos Transportes e da Saúde foi o grito abafado de uma cidade esquecida nos planos federais: Vitória da Conquista.
A BR-116, um dos eixos rodoviários mais importantes do Brasil, atravessa a cidade como uma cicatriz aberta. É um traçado antigo, que cresceu junto com a cidade, mas que hoje fere seu desenvolvimento. A travessia urbana se tornou um gargalo crônico, um risco diário para motoristas, pedestres e moradores dos bairros próximos. A chamada “Anel Viário”, um desvio improvisado, não dá conta da complexidade do tráfego, muito menos da dignidade de uma população que paga impostos e exige respeito.
Dra. Lara levou essas queixas até os gabinetes dos ministros. Conversou com Renan Filho, ministro dos Transportes, apontando a omissão da concessionária ViaBahia, que há anos detém a concessão do trecho mas pouco ou nada investiu. Também conversou com o governador da Bahia e trouxe à tona a precariedade nas saídas da Serra do Marçal em direção a Ilhéus – uma estrada perigosa, mal sinalizada e desprezada por sucessivos governos.
A decisão do governo federal de retirar a concessão da ViaBahia é um passo importante, mas está longe de ser a solução. O problema não é apenas tirar quem não fez, mas garantir que quem entrar faça. E para isso, não basta edital bonito ou discurso técnico. É preciso vontade política, fiscalização firme e investimento público, se necessário. O erro de ontem não pode justificar a paralisia de hoje.
Em tempos de pacto federativo esvaziado, é preciso reconhecer a coragem de quem vai à Brasília bater na porta certa. A presença da vereadora nos corredores de Brasília é política em sua essência: é representação popular exigindo ação concreta. Vitória da Conquista não quer promessas, quer prazo. Não aceita mais “obras bonitas” em outros cantos do país enquanto aqui o tráfego se torna tortura e a travessia urbana, uma roleta-russa diária.
Que esse movimento não se encerre na viagem. Que se transforme em pressão contínua. Em mobilização popular. Em pacto local. A BR-116 precisa sair do papel. E Vitória da Conquista precisa deixar de ser o trecho esquecido de uma rodovia federal.