(Padre Carlos)
Estamos em um momento crítico na história de Vitória da Conquista. À medida que se aproximam as eleições municipais, fica cada vez mais evidente que as narrativas estão sobrepondo-se às soluções e propostas para os problemas da cidade. Com tristeza, é preciso admitir que, nos dias de hoje, quem domina a narrativa, geralmente, é quem ganha a eleição. O debate, que deveria ser centrado nas questões locais, foi tragado pela judicialização e pelas agendas nacionais, ofuscando o que realmente importa: o bem-estar e o desenvolvimento da nossa cidade.
Infelizmente, em vez de discutirem saúde, educação, infraestrutura e segurança pública, temas de extrema relevância para a população, os candidatos optaram por uma guerra de narrativas. Vitória da Conquista, assim como diversas cidades brasileiras, tem sido vítima de uma tentativa de nacionalização do debate político, na qual as figuras de Lula e Bolsonaro acabam assumindo o protagonismo. Isso, naturalmente, influencia o rumo da eleição, mas retira o foco das demandas específicas da população.
A prefeita, em uma tentativa de se desvincular dessa polarização, busca posicionar-se como “nem um, nem outro”. No entanto, a polarização nacional continua ressoando na campanha e transformando o debate em algo perigoso para a democracia. O que deveria ser uma discussão franca sobre as dificuldades enfrentadas por Vitória da Conquista se perde em discursos inflamados e narrativas criadas para desviar a atenção dos reais problemas locais.
Ainda mais preocupante é o efeito da judicialização das campanhas, que destrói qualquer chance de uma disputa justa baseada em propostas e soluções. Ao invés de usarem o pouco tempo que resta para retomar o foco, os candidatos parecem mais interessados em garantir que sua narrativa seja a vencedora, a qualquer custo. É um erro que, lamentavelmente, pode não ser corrigido a tempo.
O eleitor de Vitória da Conquista deve estar alerta a essa tendência de judicialização e exigir dos candidatos compromissos concretos com as questões locais. Nossa cidade precisa de projetos e planos que possam trazer resultados, e não de promessas vazias que soam bem em palanques, mas desaparecem depois de fechadas as urnas.
As eleições municipais deveriam ser um momento de diálogo, em que as necessidades reais da cidade fossem discutidas de maneira transparente e honesta. Mas, se os candidatos continuarem a seguir pelo caminho da judicialização e da nacionalização, Vitória da Conquista perderá uma oportunidade valiosa de se desenvolver e atender melhor sua população.
O futuro da nossa cidade depende de um debate qualificado, que olhe para a saúde, educação, segurança e infraestrutura com a seriedade que merecem. E, por mais que a influência do cenário nacional seja inevitável, isso não deve ofuscar as necessidades urgentes que nossa cidade enfrenta. A escolha que se aproxima não é apenas uma escolha entre narrativas. É uma escolha entre permanecer crescendo ou ficar estagnado. E isso só será possível se o foco voltar para o que realmente importa: Vitória da Conquista e seus cidadãos.
Que não deixemos as narrativas vencerem a batalha pelo futuro de nossa ci