Política e Resenha

ARTIGO – A Parabólica Semente do Reino de Deus (Padre Carlos)

 

No evangelho deste domingo, encontramos em Marcos 4, 26-34 duas parábolas que Jesus utiliza para ilustrar a natureza do Reino de Deus. Estas parábolas, a da semente que cresce sozinha e a do grão de mostarda, nos convidam a refletir profundamente sobre a dinâmica do crescimento espiritual e a humildade inerente ao Reino de Deus.

Jesus compara o Reino de Deus a um agricultor que espalha a semente na terra e, sem entender como, observa o crescimento gradual e misterioso da planta. Esta imagem é profundamente reveladora, pois nos mostra que o Reino de Deus opera muitas vezes de forma silenciosa e invisível, sem a intervenção direta e constante do homem. O agricultor, que representa cada um de nós, faz a sua parte inicial ao plantar a semente, mas é a terra, por si só, que tem o poder de fazer a semente germinar, crescer e dar frutos. Isto nos lembra da graça divina que age em nossas vidas independentemente de nossa compreensão total ou controle sobre os processos espirituais.

O processo descrito – primeiro as folhas, depois a espiga, e finalmente os grãos que enchem a espiga – simboliza as etapas de crescimento espiritual e maturidade. Cada fase é necessária e não pode ser apressada. O agricultor deve ter paciência e confiança no tempo certo da colheita. Este é um chamado à paciência e à fé, valores essenciais para qualquer jornada espiritual. Devemos confiar que, mesmo quando não vemos os resultados imediatos, Deus está trabalhando silenciosamente em nosso coração e no mundo ao nosso redor.

A segunda parábola, do grão de mostarda, reforça a ideia do crescimento surpreendente do Reino de Deus. A menor de todas as sementes, quando plantada, cresce e se torna a maior de todas as hortaliças, oferecendo abrigo aos pássaros. Esta imagem nos fala sobre o poder transformador e expansivo do Reino de Deus que, mesmo começando de forma insignificante, pode crescer e tornar-se uma fonte de proteção e abrigo para muitos. É uma mensagem de esperança e encorajamento para aqueles que se sentem pequenos ou insignificantes em sua fé. Deus pode usar até os menores atos de fé para realizar grandes coisas.

Ao refletir sobre estas parábolas, somos convidados a reconhecer que o Reino de Deus não é uma construção humana baseada no poder e na grandeza mundana. Pelo contrário, ele cresce através de pequenas ações de fé, gestos de amor e momentos de graça que, muitas vezes, passam despercebidos. Como seguidores de Cristo, somos chamados a ser semeadores diligentes, espalhando a semente do amor, da justiça e da misericórdia, confiando que Deus fará com que elas cresçam e frutifiquem em seu tempo perfeito.

Neste evangelho, Jesus também ressalta a importância de compreender e meditar sobre as parábolas. Ele fala ao povo em parábolas, mas explica tudo em particular aos seus discípulos. Isso nos lembra da necessidade de buscar uma compreensão mais profunda e pessoal da Palavra de Deus, indo além da superfície para captar os mistérios do Reino dos Céus.

Que possamos, à luz deste evangelho, renovar nosso compromisso de semear as boas novas do Reino com paciência e confiança, permitindo que Deus opere em nosso interior e através de nós, sabendo que, no tempo certo, a colheita virá.

Aleluia, aleluia, aleluia!