Política e Resenha

*ARTIGO – A Pituba: Um passeio nostálgico pelo balneário dos anos cinquenta e o bairro dos anos sessenta*

Pituba. Foto: Arquivo A Tarde.

 

A Pituba dos anos cinquenta era um refúgio encantador à beira-mar, um balneário que exalava tranquilidade e charme rústico. Imagine-se caminhando pelas suas ruas arenosas, onde os coqueiros dançavam ao ritmo suave do vento e o som das ondas era a trilha sonora constante. As casas, ainda modestas e espalhadas, ofereciam uma visão pitoresca de um tempo mais simples, onde a vida corria sem pressa.

 

Naqueles dias, o Bar de Pedro da Cabana era um ponto de encontro emblemático, famoso pela maior moqueca da região. As famílias se reuniam ali, degustando pratos saborosos enquanto apreciavam a vista deslumbrante do mar. Era impossível resistir ao aroma que se espalhava pelo ar, convidando todos a uma celebração gastronômica. Outro ponto que não poderia deixar de citar é a boate de Aurino, primeiro ponto de marinete do balneário.

Pituba de antigamente. Foto: Arquivo A Tarde.

A construção do Clube Português marcou uma nova era para a Pituba. O clube se tornou rapidamente o centro das atividades sociais, onde festas, bailes e eventos esportivos animavam as noites da comunidade. A união entre tradição e modernidade se refletia nas danças e nas risadas compartilhadas sob a luz das estrelas.

 

No início da década de sessenta, a inauguração da igreja na praça trouxe um novo ponto de encontro espiritual e comunitário. A igreja se tornou um marco, um lugar onde os moradores se reuniam não apenas para a missa, mas também para fortalecer os laços de amizade e solidariedade. A escola Nossa Senhora da Luz das Irmãs Mercedarias, por sua vez, era o coração educacional do bairro, formando gerações com amor e dedicação.

 

O armazém de Zé Espanhol, conhecido como o armazém Popular, era um ponto de referência indispensável. Ali, encontravam-se produtos de primeira necessidade e uma boa prosa com o dono, sempre pronto para atender com um sorriso. Do outro lado, a padaria da Pituba, com o cheiro inconfundível de pão fresco, era parada obrigatória para os moradores.

 

As famílias de seu Valdomiro e Dona Esthe, seu Jopery e Dona Jandira, seu Feliciano e Dona Maria, seu Itamar e Dona Núbia, Dona Naná, os Ferreira, Dona Deise e seu Jurandir, entre tantas outras, formavam o tecido social que dava vida à Pituba. Cada família tinha suas histórias, suas tradições e contribuía para a sensação de comunidade que fazia do bairro um lugar especial.

 

E quem poderia esquecer a casa das velhinhas, Dona Tudinha e Dona Cici? Suas histórias e sabedoria eram tesouros guardados com carinho por todos que tiveram a sorte de conhecê-las. Elas eram a memória viva de um tempo que parecia ser feito de ouro.

Pituba de antigamente. Foto: Arquivo A Tarde.

Recordar a Pituba dessas décadas é abrir um álbum de memórias carregado de nostalgia. É lembrar de um tempo em que a vida era mais simples, onde cada esquina trazia uma história e cada maré carregava consigo os segredos de um lugar mágico. A Pituba dos anos cinquenta e sessenta não é apenas um bairro; é um testemunho de um tempo dourado, guardado com carinho no coração de todos que tiveram a sorte de vivê-lo.

Padre Carlos