Política e Resenha

ARTIGO – A podridão que fede do topo: parlamentares e o assalto ao INSS

 

(Padre Carlos)

A recente revelação da Polícia Federal sobre o envolvimento direto de deputados e senadores no esquema bilionário de fraudes contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é mais do que um escândalo: é uma prova concreta de que parte da elite política brasileira se tornou sócia do crime institucionalizado.

O fato de a investigação estar sendo remetida ao Supremo Tribunal Federal (STF) já diz tudo. Quando a apuração chega ao Supremo, é porque há prerrogativa de foro envolvida — ou seja, parlamentares da ativa, homens e mulheres que deveriam legislar para o povo, mas que preferem legislar em benefício próprio, estão na linha de frente dessa roubalheira. E não se trata de um ou dois. Segundo fontes próximas à PF, trata-se de uma bancada “de número razoável”. Traduzindo: há uma quadrilha instalada dentro do Congresso Nacional.

Esse tipo de escândalo corrói as estruturas do Estado de dentro para fora. Não estamos falando de um desvio qualquer, mas de um ataque ao coração da seguridade social brasileira. O INSS é a tábua de salvação para milhões de brasileiros que contam com sua aposentadoria, pensão ou auxílio por incapacidade. Mexer no INSS é mexer na dignidade de trabalhadores que contribuíram por décadas esperando amparo quando a força de trabalho se esgota. Roubar isso é roubar o futuro dos mais pobres.

Mas o que choca ainda mais é a naturalização da pilhagem. Já não causa espanto ao brasileiro médio saber que há uma relação promíscua entre parlamentares e esquemas de corrupção. A pergunta que ecoa nas ruas não é mais “será que estão roubando?”, mas “quem será o próximo a ser pego?”. E isso é um sintoma de uma sociedade doente.

A revelação desses nomes — se realmente forem expostos — será o verdadeiro teste de fogo para o STF. Se a Corte agir com o rigor que a gravidade do caso exige, talvez resgatemos um fio de esperança institucional. Caso contrário, continuaremos testemunhando o espetáculo deprimente de ministros tergiversando, arquivando processos e protegendo os “donos do poder”.

O Brasil não suporta mais esse modelo em que a impunidade se veste de toga e se abriga sob mandatos parlamentares. Se queremos uma reconstrução ética do país, ela precisa começar por uma faxina completa nos bastidores do Congresso. O povo precisa saber quem são esses saqueadores da Previdência. Que venham os nomes. Que caia a máscara. E que paguem pelo que fizeram.