Política e Resenha

ARTIGO – A POLÊMICA ENTRE CLAUDIA LEITTE E IVETE SANGALO: INTOLERÂNCIA E RESSENTIMENTOS

 

 

(Por Padre Carlos)

A briga velada entre Claudia Leitte e Ivete Sangalo, que começou com a substituição do nome de Iemanjá por Yeshua na música “Caranguejo”, segue ganhando novos capítulos, agora com um terceiro personagem: Fábio Almeida, ex-empresário da cantora Claudia Leitte. Seu posicionamento nas redes sociais e sua relação conturbada com Ivete levantam ainda mais questionamentos sobre os reais interesses por trás desse embate público.

No Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, Fábio fez um post que muitos interpretaram como uma indireta a Ivete Sangalo. Falou sobre respeito à cultura de matriz africana e criticou o uso de “excessos calculados, algoritmos e síndrome de pequenos poderes”. O recado parecia endereçado a alguém que estaria usando o tema para autopromoção – e, pelo contexto, a suspeita recaiu sobre Ivete, que no mesmo dia deu uma entrevista abordando o tema. A reação dos fãs foi imediata, e após críticas, Fábio apagou algumas respostas.

A história ganhou contornos ainda mais tensos com a revelação de que Claudia Leitte teria bloqueado Ivete nas redes sociais, segundo o próprio empresário. O que poderia ser apenas uma divergência de crença se transformou em um cabo de guerra entre duas das maiores estrelas do axé baiano, com seus respectivos seguidores travando batalhas verbais na internet.

Mas, afinal, o que está em jogo? A defesa da liberdade religiosa ou uma disputa de egos e ressentimentos?

A intolerância religiosa é um problema real e grave no Brasil, especialmente quando se trata de religiões de matriz africana, historicamente perseguidas. No entanto, quando o debate sobre respeito e diversidade se mistura a disputas pessoais e estratégias de marketing, perde-se a oportunidade de um diálogo sincero.

Fábio Almeida, que trabalhou com Ivete Sangalo por mais de uma década e saiu alegando falta de transparência financeira e desentendimentos, parece ter uma conta pessoal a acertar. Seu posicionamento pode ser legítimo, mas a proximidade com Claudia Leitte e o histórico de conflitos tornam sua fala suspeita. Afinal, até que ponto esse novo capítulo é sobre religião e não sobre ressentimentos e rivalidades da indústria musical?

O Brasil precisa de um debate sério sobre intolerância religiosa, sem que ele seja instrumentalizado por disputas de poder, algoritmos e estratégias de engajamento. A fé não deveria ser palco para espetáculos midiáticos, mas sim um espaço de respeito mútuo.