(Padre Carlos)
Em um cenário político repleto de hipocrisia e manobras escusas, o caso da vereadora Débora Régis de Lauro de Freitas é um exemplo contundente de como a incoerência política pode se manifestar de forma clara e pública. Ao votar contra a compra de 30 ônibus elétricos destinados ao transporte público da cidade, que beneficiariam mais de 40 mil pessoas diariamente, e posteriormente tentar censurar a divulgação de seu voto na mídia, a vereadora não apenas traiu a confiança dos eleitores, como também tentou manipular a narrativa a seu favor, o que revela uma grave tentativa de reescrever a história para escapar do escrutínio popular.
A decisão judicial que negou o pedido de retirada da matéria do site, sob o argumento de que a publicação respeitou os princípios constitucionais da livre manifestação de pensamento e da liberdade de expressão, é uma vitória não apenas para a imprensa, mas para a transparência política. A juíza Cristiane Menezes foi assertiva ao deixar claro que, embora houvesse uma pequena falha técnica no uso de termos jurídicos pela publicação, isso não justificava a remoção do conteúdo, que no essencial, expôs a verdade sobre o voto da vereadora.
Este episódio me remete à situação ocorrida em Vitória da Conquista, durante a votação do projeto do Fenisa. Vários vereadores que inicialmente se posicionaram contra a obra, que prometia significativas melhorias para a cidade, mudaram rapidamente de discurso quando os benefícios começaram a se materializar. Em vez de admitirem o erro, muitos tentaram apropriar-se do sucesso do projeto, como se tivessem sido seus maiores defensores desde o início. Esse comportamento dúbio, que de maneira preocupante se tornou comum em diversas câmaras municipais, reflete um dos males mais perniciosos da política brasileira: o oportunismo.
A tentativa da vereadora Débora Régis de utilizar a acusação de “fake news” como uma cortina de fumaça para esconder suas ações é alarmante, especialmente em um momento em que o termo é frequentemente manipulado para desacreditar a imprensa e desinformar o público. A justiça, ao não ceder a essa manobra, enviou um recado importante: a verdade deve prevalecer, mesmo quando desconfortável para aqueles em posição de poder.
Mais preocupante ainda é imaginar que esse tipo de comportamento poderia se espalhar para outras regiões. Se a moda pega, viveremos em um ambiente onde a verdade será constantemente distorcida por aqueles que possuem influência e recursos para manipular os fatos. O caso de Vitória da Conquista, assim como o de Lauro de Freitas, são lembretes de que a vigilância constante da sociedade civil e da imprensa é crucial para manter a integridade dos processos democráticos.
Como cidadãos, devemos estar atentos aos movimentos de nossos representantes. A democracia não se resume ao ato de votar; ela exige um acompanhamento contínuo e crítico das ações daqueles que elegemos. Quando políticos tentam, de forma covarde, esconder suas ações, é dever de todos nós garantir que a verdade seja exposta, que a responsabilidade seja cobrada, e que a política seja exercida com transparência e integridade.
A história da vereadora Débora Régis é uma lição valiosa: a verdade sempre vem à tona, e aqueles que tentam escondê-la acabam se enredando em suas próprias mentiras. Que essa situação sirva de alerta para todos nós, para que não permitamos que a política da contradição, da mentira e do oportunismo se torne regra.