A confraternização promovida por ACM Neto em Salvador, reunindo prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e aliados políticos, é mais do que um evento social. É um claro indicativo de que a corrida eleitoral de 2026 já começou. O ex-prefeito de Salvador, hábil estrategista político, tem consciência de que o cenário para a oposição na Bahia requer não apenas força, mas também coesão e planejamento.
Com um discurso pautado pela unidade e pela valorização de lideranças regionais, Neto reforça sua habilidade em transitar entre a diplomacia política e a construção de um projeto sólido. Ao mencionar tanto os eleitos quanto os que não conseguiram êxito, ele envia uma mensagem clara: todos são peças fundamentais no tabuleiro da oposição. Este gesto, aparentemente simbólico, é essencial para minimizar as inevitáveis fraturas internas que surgem após disputas eleitorais.
O evento também revela a articulação de Neto com lideranças de peso do interior, como a prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos, e a vereadora eleita Lara Andrade, reforçando a importância do interior baiano na construção de um projeto político estadual. Vitória da Conquista, por exemplo, é um dos polos mais estratégicos do estado, e garantir apoio sólido nessa região pode ser determinante para uma candidatura vitoriosa.
No entanto, ACM Neto enfrenta um desafio que vai além das alianças e discursos: romper a hegemonia petista que governa a Bahia há quase duas décadas. O Partido dos Trabalhadores consolidou uma base fiel e eficaz, especialmente nas áreas periféricas e rurais, e conta com a força de um projeto nacional que influencia diretamente o cenário estadual.
A força de Neto reside em sua capacidade de unir um campo ideológico fragmentado, que inclui desde conservadores tradicionais até liberais e progressistas descontentes com o atual governo. Sua liderança no União Brasil e a posição de virtual candidato ao governo tornam inevitável a comparação com seu histórico como prefeito da capital, onde conseguiu equilibrar austeridade fiscal com obras de impacto.
Entretanto, o discurso de oposição precisa ir além das críticas à gestão petista. Neto terá de apresentar um plano concreto, que dialogue com as necessidades reais da população baiana. Segurança pública, saúde, educação e infraestrutura devem estar no centro de seu programa, mas é o campo simbólico – a capacidade de reacender a esperança e oferecer uma visão de futuro – que decidirá a eleição.
A presença de lideranças como a prefeita Sheila Lemos e o vice Doutor Alan no evento também evidencia que a política de interiorização será um dos pilares da estratégia de ACM Neto. Ao fortalecer o elo com cidades-chave do interior, Neto mostra que compreende a complexidade territorial e social da Bahia, onde as demandas urbanas e rurais convivem e, muitas vezes, colidem.
Por fim, é inegável que a eleição de 2026 promete ser uma das mais disputadas da história recente da Bahia. Com o governador Jerônimo Rodrigues buscando a reeleição, a oposição liderada por ACM Neto terá de superar barreiras históricas e apresentar uma alternativa viável, não apenas para os que desejam mudanças, mas também para os que ainda se beneficiam das políticas petistas.
Neto sabe que sua trajetória, marcada por conquistas administrativas e articulações políticas habilidosas, o coloca como o principal nome da oposição. Contudo, a vitória só será possível se ele transformar o discurso de unidade em prática, mobilizando não apenas sua base, mas também os milhares de baianos que esperam por um novo ciclo político no estado.
A disputa está lançada, e a Bahia, como sempre, será palco de uma batalha política onde tradição e mudança se enfrentarão mais uma vez.