Faleceu o padre Casimiro Irala, um jesuíta paraguaio que encontrou no Brasil o palco principal de sua missão evangelizadora, combinando fé e arte de forma singular. Irala não foi apenas um padre dedicado, mas um artista que fez da música um canal poderoso para tocar os corações, especialmente os jovens. Sua partida deixa um vazio imenso na vida daqueles que foram alcançados por sua mensagem, especialmente no movimento OPA (Oficina Pela Arte), que ele fundou e que até hoje congrega inúmeros amigos artistas.
Sua obra mais emblemática talvez seja a Oração de São Francisco, cuja melodia imortal se tornou símbolo de paz e espiritualidade, atravessando gerações e fronteiras. Interpretada por grandes nomes como Fagner e Maria Bethânia, essa composição ganhou vida própria, inspirando fiéis e não fiéis a cultivar valores universais como o amor, a compreensão e o perdão.
Irala viveu o que pregava. Seu compromisso com a juventude era mais do que um ato de sacerdócio; era um ato de amor. Ele acreditava no poder transformador da arte como ferramenta de evangelização, mas também como um meio de emancipação humana. Nos acampamentos, oficinas e celebrações conduzidas por ele, havia sempre uma sinfonia que transcendeu o plano terreno, apontando para o eterno.
Tive a honra de conhecer o padre Casimiro Irala no Seminário dos Jesuítas, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, durante um encontro da Comunidade de Vida Cristã (CVX) no final da década de 1970. Naquela ocasião, ele já se destacava como uma figura carismática, com um talento único para transmitir a espiritualidade inaciana de forma vibrante e acolhedora. Sua presença era marcante, e sua paixão pela evangelização por meio da arte inspirou profundamente a todos nós que participamos daquele momento.
A perda de padre Casimiro é uma despedida dolorosa para aqueles que encontraram na sua música e nos seus ensinamentos um refúgio e uma inspiração. O luto do OPA é o luto de todos nós, que reconhecemos o valor de uma vida dedicada à promoção de uma espiritualidade acessível, cheia de beleza e ternura.
Que sua alma encontre descanso na harmonia eterna do Criador. E que a sua música continue a ecoar em nossas vidas como um lembrete de que a verdadeira arte é sempre um reflexo do divino.