O Advento se revela como um período sagrado, um tempo litúrgico que antecede o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, marcando a preparação dos corações para a chegada daquele que traz esperança e alegria ao mundo. É um chamado à purificação da esperança, uma jornada espiritual que nos conduz à reflexão profunda sobre o significado da vinda de Deus entre nós.
Para os cristãos, o Deus que adoramos não é distante, indiferente à nossa história. Ao contrário, é o Deus-que-vem, como afirmou Bento XVI, um Deus que se faz presente em nossa realidade, envolvendo-se conosco. Preparar-se para recebê-Lo é mais do que uma simples expectativa; é um convite à purificação do coração.
O Papa Francisco, em suas homilias de Advento, ressalta a importância de purificar a esperança, especialmente diante dos desafios vividos ao longo do ano. As guerras da Ucrânia e em Gaza, trouxeram consigo inúmeras partidas inesperadas, separações dolorosas, e a mão purificadora de Deus muitas vezes pareceu difícil de enxergar. No entanto, o Advento nos recorda que a esperança cristã não é vaga nem vã, mas uma esperança confiante, ancorada firmemente em Deus.
A redescoberta dessa esperança exige um olhar para além das circunstâncias adversas, um reconhecimento de que, mesmo nos vales tenebrosos da vida, a mão de Deus nos guia. O Advento nos convida a sacrifícios e renúncias, à disposição generosa do coração para acolher o presente divino que é o próprio Deus feito homem, posto na manjedoura de nossos corações.
Quando falta Deus, falta a esperança, e é nesse tempo de preparação que somos convidados a fazer da esperança um refúgio. As práticas de piedade, como a participação na missa, a meditação da Palavra de Deus, a oração do terço e a novena de preparação para o Natal, são oportunidades valiosas oferecidas pela Igreja para nutrir e purificar essa esperança.
Nossa Senhora, figura materna e inspiradora, nos guia nessa jornada. Aprendemos com ela a constante reescolha do essencial em nossas vidas, a firmeza necessária diante dos desafios. Ela é exemplo de quem não se abala diante das incertezas, mas confia na providência divina.
Neste Advento, em meio às incertezas provocadas pela pandemia, somos chamados a colocar nossa mão filial na Mão paterna de Deus. Não devemos temer, pois o Senhor, que nunca abandona seu povo, consola e renova a esperança do coração. Que este período de preparação seja um tempo propício para fortalecer nossa ligação com o divino, para que possamos acolher o Natal do Senhor com corações esperançosos, purificados e renovados.
Que a luz do Advento ilumine nossos caminhos e que a esperança, agora purificada, brilhe como uma estrela guia em nossas vidas, conduzindo-nos à verdadeira alegria que é a chegada do Salvador. Amém.