Política e Resenha

ARTIGO – “E Agora, Conquistenses?” (Padre Carlos)

 

 

Em Vitória da Conquista, assistimos à confirmação de uma liderança que, mesmo diante de expectativas e críticas, emergiu como vencedora nas urnas. A prefeita Sheila Lemos conquistou o apoio popular, e sua vitória, além de reafirmar o desejo de continuidade, aponta para um desafio que ecoa os versos de Carlos Drummond de Andrade no icônico poema “E agora, José?”. Àqueles que apostavam em sua queda e que esperavam pelo fim de sua gestão, fica a pergunta: e agora?

Drummond questiona o sujeito que vê seus planos ruírem: “A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?”. Esse tom de desamparo ressoa agora em quem, por várias razões, torceu contra Sheila. Para os que apostaram numa mudança radical, que vislumbraram o retorno de outras figuras ao poder, resta o vazio de ver que a cidade escolheu dar continuidade ao que já está em curso. Assim como o José de Drummond, os opositores de Sheila encaram uma realidade que contrasta com suas expectativas: uma administração que, apesar de críticas e desgastes naturais, é aprovada pela maioria.

Para Sheila, no entanto, a vitória não representa apenas um final feliz; é um convite ao desafio, um chamado para construir e fortalecer sua marca administrativa. Sua vitória é também um compromisso. E ela sabe que não pode permitir que as promessas fiquem no papel, nem que as melhorias que prometeu sejam ofuscadas por desafios que certamente surgirão.

O que resta agora aos adversários? Talvez repensar suas estratégias, questionar o porquê de seu discurso não ter alcançado eco na população. A eleição é um termômetro da confiança pública e, ao ver os números, Sheila Lemos se firma, sim, como a representante legítima dos anseios de boa parte dos conquistenses.

E agora, Conquista? Que esta vitória seja um marco de união e não de dissensão. Que, assim como José, possam todos os opositores se transformar e somar ao projeto que a cidade escolheu. Afinal, a grandeza da política está na construção e reconstrução constante da esperança e da confiança no bem-estar coletivo.