Política e Resenha

*ARTIGO – Eleições na Venezuela: Implicações Geopolíticas para a América Latina (Padre Carlos)*

 

 

No próximo domingo, 28 de julho, a Venezuela vai às urnas em um evento que promete reverberar profundamente na geopolítica da América Latina. Para entender a importância deste momento, é crucial analisar o papel do petróleo na região e a instabilidade política endêmica que permeia o país, independentemente de quem vença.

A Venezuela possui uma das maiores reservas de petróleo do mundo, e este recurso natural tem sido um fator determinante nas políticas internas e externas do país. A influência dos Estados Unidos na Venezuela não pode ser subestimada. Se a Venezuela não tivesse petróleo, é provável que a atenção americana fosse menos intensa. No entanto, o petróleo transforma a Venezuela em um jogador estratégico, e a política externa dos EUA reflete essa prioridade. A disputa pelo controle desse recurso fundamental é uma das chaves para entender as tensões políticas atuais.

A ideia de estabilidade política na Venezuela, porém, é ilusória. Não importa quem ganhe as eleições, a perspectiva de estabilidade é remota. A América Latina, como um todo, está submetida a pressões imperialistas que minam qualquer tentativa de estabilidade duradoura. Países sob influência direta de potências estrangeiras raramente conseguem estabelecer um equilíbrio político sustentável.

Os chavistas, seguidores das ideias e programas do ex-presidente Hugo Chávez, continuam a ser uma força mobilizadora significativa. Caso a oposição vença, a estrutura bolivariana enfrentará pressões intensas, com possíveis tentativas de desmonte dos avanços realizados durante os governos chavistas. Por outro lado, se Nicolás Maduro, o atual presidente, for reeleito, a oposição, com apoio externo, especialmente dos EUA, continuará sua luta para desestabilizar o governo.

A situação na Venezuela reflete um padrão observado em outros países da região. Mesmo aqueles com regimes fortemente apoiados pelos Estados Unidos, como o Haiti, enfrentam desafios constantes à estabilidade. O caso venezuelano é particularmente emblemático porque demonstra como as tensões internas são amplificadas por influências externas, criando um ciclo de instabilidade difícil de romper.

O futuro político da Venezuela pós-eleições permanece incerto. A capacidade de mobilização dos chavistas pode garantir uma resistência significativa contra qualquer tentativa de desmonte das estruturas estabelecidas por Chávez. Ao mesmo tempo, a oposição, respaldada por potências estrangeiras e pela mídia, continuará a buscar formas de minar o governo de Maduro.

Em resumo, as eleições venezuelanas são um microcosmo das complexas dinâmicas geopolíticas da América Latina. A presença de petróleo intensifica os interesses e as intervenções externas, enquanto a instabilidade política parece ser a única constante. Qualquer que seja o resultado das eleições de domingo, a Venezuela continuará a ser um ponto focal das disputas geopolíticas na região, refletindo um cenário onde a estabilidade é um luxo inalcançável.