(Padre Carlos)
Nesta segunda-feira (12 de maio de 2025), em Pequim, o presidente Lula deve anunciar uma primeira lista de investimentos de empresas chinesas no Brasil, reforçando o fluxo de capitais de Pequim para setores estratégicos da nossa economia . A China, maior parceira comercial do Brasil há 15 anos, importou mais de US$ 94 bilhões em mercadorias brasileiras em 2024, mais que o dobro dos EUA .
Entre os projetos em destaque está a fabricante de semicondutores Longsys, que construirá novas unidades em São Paulo e Manaus, inaugurando um capítulo promissor na tentativa brasileira de consolidar uma cadeia local de chips avançados . O aplicativo de entregas Meituan levará ao país seu braço internacional, Keeta, projetando uma revolução na logística urbana de última milha . E a rede Mixue, já maior cadeia de fast food do mundo, superando o McDonald’s, aportará no Brasil na área de alimentação rápida e bebidas .
Além desses, empresas como Envision investirão em combustível sustentável de aviação (SAF), o grupo Baiyin Nonferrous adquirirá uma mina de cobre em Alagoas, o DiDi (dono da 99) aportará na eletrificação de veículos, e três companhias chinesas se associarão à Nortec Química para produção de insumos farmacêuticos ativos . Segundo o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, o total desses aportes pode chegar a US$ 17 bilhões ainda este ano — cifra inédita na história das parcerias Brasil-China .
Essa aproximação ocorre em meio a um panorama global marcado por tensões comerciais entre Estados Unidos e China, com Pequim buscando diversificar fontes de suprimentos — como ficou claro quando retomou importações de soja de cinco firmas brasileiras suspensas por questões sanitárias . Para o Brasil, esses aportes oferecem a possibilidade de acelerar a reindustrialização, promover transferência de tecnologia e estimular o desenvolvimento regional, especialmente na Amazônia e no Norte do país.
No entanto, é imprescindível que o governo brasileiro exerça rigoroso controle sobre esses projetos, garantindo cláusulas de conteúdo local, respeito ao meio ambiente e transparência nos acordos. A soberania nacional não pode ser objeto de trocas desfavoráveis, e a sociedade civil deve acompanhar de perto cada etapa desses investimentos. Só assim o país poderá tirar real proveito das oportunidades chinesas, transformando promessas em desenvolvimento sustentável para todos os brasileiros.