Política e Resenha

ARTIGO – Estagnação Eleitoral e o Desafio da Esquerda em Vitória da Conquista

 

 

(Padre Carlos)

O cenário eleitoral em Vitória da Conquista, nos últimos quatro anos, revela uma preocupação alarmante para a esquerda: a estagnação. Ao comparar os 82.000 votos obtidos por Zé Raimundo Fontes em 2020, quando disputou a prefeitura, com os mesmos 82.000 votos que Jerônimo alcançou na corrida ao governo em 2022, fica claro que a esquerda não conseguiu expandir sua base eleitoral, mesmo com o crescimento de 30.000 novos eleitores na cidade durante este período.

O que isso significa? Em um primeiro olhar, pode parecer que a esquerda manteve uma base fiel, mas uma análise mais profunda revela um problema grave: a perda de conexão com a nova geração, especialmente com a Geração Z. Esses novos eleitores, que representam o futuro do país, não foram conquistados pelas ideias que moldaram as lutas sociais e políticas do século passado. O discurso classista e as utopias que moviam as massas já não têm o mesmo apelo.

A esquerda, em Vitória da Conquista, parece ter se fechado em uma bolha ideológica, isolando-se das mudanças culturais e sociais que marcam a juventude atual. Enquanto isso, a direita e outras forças políticas têm se adaptado melhor ao novo contexto, utilizando-se do entretenimento digital e de linguagens que ressoam com os jovens.

A situação exige ousadia e coragem. É preciso ir além do conforto de discursos antiquados e apostar em uma nova postura. A Geração Z, nascida em um mundo digital, é atraída por mensagens que misturam política e entretenimento, que falam diretamente com suas realidades e preocupações cotidianas. Não se trata de abandonar ideais, mas de modernizar a forma como são apresentados.

Os marqueteiros e especialistas em comunicação têm aconselhado os candidatos a apostarem em estratégias digitais para conquistar este eleitorado jovem. Isso não significa superficialidade, mas sim reconhecer que a política precisa se adaptar às novas formas de comunicação e interação.

Se a esquerda em Vitória da Conquista quiser quebrar essa barreira e evitar uma estagnação ainda maior, precisará reinventar-se. O futuro da política local dependerá da capacidade de dialogar com as novas gerações, de incorporar suas vozes e de criar uma narrativa que inspire, que provoque e que mobilize. O tempo da mudança é agora, antes que seja tarde demais.