Política e Resenha

ARTIGO – Integração ou Colapso: O Futuro Metropolitano de Vitória da Conquista

 

 

 

Vitória da Conquista, epicentro do Sudoeste baiano, é mais do que uma cidade; é o coração de uma região que pulsa com 37 municípios e cerca de 1,5 milhão de habitantes. No entanto, esse coração está sobrecarregado, batendo descompassado pela ausência de um Plano de Integração Metropolitano. A falta de um planejamento urbano coeso não é apenas uma falha técnica; é um espelho das desigualdades e da fragmentação de responsabilidades que corroem o desenvolvimento regional. A urgência de um plano diretor integrado nunca foi tão evidente, especialmente quando observamos serviços essenciais como saúde e mobilidade urbana à beira do colapso. A Lei Federal 13.089/2015, conhecida como Estatuto da Metrópole, não é apenas um conjunto de diretrizes; é um chamado à ação para todas as áreas metropolitanas do Brasil. Ela determina que essas regiões devem dispor de um plano diretor que oriente a elaboração de planos setoriais, essenciais para harmonizar as demandas dos municípios envolvidos. Para o Sudoeste baiano, onde Vitória da Conquista se destaca como um gigante econômico e político, a ausência desse planejamento é uma omissão gritante que se materializa em exemplos concretos. O Hospital de Base, o maior hospital de traumas da região, é um símbolo doloroso dessa fragilidade. Sobrecarregado, ele tenta, em vão, atender a uma demanda que vai muito além de suas capacidades, evidenciando a falácia de que um único equipamento pode suprir as necessidades de saúde de uma região inteira. A centralização inadequada dos serviços médicos é um grito por uma rede integrada, não por soluções isoladas que deixam um mar de carências ao redor de uma suposta ilha de excelência. Na mobilidade urbana, a falta de planejamento também deixa suas marcas, ainda que os dados específicos sejam escassos. É razoável imaginar congestionamentos crescentes, transporte público insuficiente e horas perdidas no trânsito como sintomas de uma metropolização sem rumo. Em contraponto, a gestão dos recursos hídricos na região brilha como um exemplo positivo. Por anos, diferentes esferas de governo conseguiram articular políticas que beneficiam coletivamente o Sudoeste baiano, provando que a integração é possível e eficaz. Este modelo de sucesso deveria ser espelho para outros setores, como saneamento básico e mobilidade, mostrando que a articulação regional pode ser a chave para superar desafios históricos. Contudo, os obstáculos são muitos: resistência política, escassez de recursos e uma cultura de planejamento individualizado ainda predominam. O Censo de 2022, ao revelar o crescimento acelerado da região, transformou a criação da Região Metropolitana do Sudoeste em uma necessidade inadiável. Vitória da Conquista tem a chance de assumir o protagonismo, liderando um processo que coordene os esforços de toda a região. A legislação já está posta; falta a vontade política e a visão estratégica para torná-la realidade. Sem um alinhamento entre Estado e prefeituras, os planejamentos municipais, por mais bem-intencionados que sejam, logo se tornarão obsoletos, incapazes de acompanhar o ritmo de uma metropolização que não espera. Urge, portanto, a criação da Região Metropolitana do Sudoeste, sustentada por um plano diretor robusto e multissetorial que reconheça as especificidades locais e promova a equidade e a eficiência na distribuição dos serviços essenciais. O futuro de Vitória da Conquista e do Sudoeste baiano está diante de uma encruzilhada clara: integração ou colapso. A escolha é agora.

Padre Carlos