(Padre Carlos)
Nem todo líder nasce do voto. Alguns são moldados na história. Outros, como Jaques Wagner, são forjados nas greves, nas assembleias, nos porões sombrios do autoritarismo e na esperança teimosa de um Brasil mais justo. Wagner é mais do que um nome do PT. Ele é uma página da democracia brasileira. E, agora, mais uma vez, mostra que sabe colocar o projeto acima do próprio mandato.
No turbilhão de articulações que marcam a formação da chapa majoritária para 2026, Wagner, senador com mandato legítimo e vitorioso, não hesita diante do dilema: abrir mão de um direito pelo bem maior da unidade política. Isso não é sinal de fraqueza, mas de grandeza. É gesto de quem compreende a política como missão e não como vaidade. Quem já enfrentou a ditadura, sobreviveu aos anos de chumbo e ajudou a construir o projeto de poder mais longevo da esquerda brasileira, sabe reconhecer a hora de ceder.
Jaques Wagner transcende o PT. Ele é respeitado por aliados e adversários. Seu nome é sinônimo de equilíbrio, diálogo e articulação inteligente. O povo baiano o reconhece como liderança incontestável, pois ele não governa com os olhos no palanque, mas com os pés na realidade.
Se hoje o PT debate a manutenção da unidade com o PSD, é porque Wagner mais uma vez se antecipa ao desgaste. Enquanto alguns veem apenas cálculos eleitorais, ele enxerga a sobrevivência de um projeto político, o mesmo que ajudou a erguer desde a fundação, passando pelas campanhas de Lula, até o governo da Bahia.
O sacrifício de Wagner, se consumado, não será perda. Será um gesto pedagógico. Será a reafirmação de que a política ainda pode ser espaço de grandeza, onde os interesses coletivos se sobrepõem aos individuais. É o velho líder sindical do Polo Petroquimico de Camaçari lembrando ao Brasil que há homens que preferem ver o projeto de pé a ver o próprio nome gravado em mármore.