(Padre Carlos)
Em tempos de eleição, a verdadeira essência da democracia se revela na vontade do povo, expressa nas urnas. No entanto, nos últimos anos, temos assistido a um fenômeno preocupante: a crescente judicialização dos processos eleitorais, onde candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereadores são alvos de impugnações, muitas vezes por questões que poderiam ser resolvidas no campo da política e não no da justiça.
A busca por afastar das urnas aqueles que, pela via eleitoral, têm legítimas chances de vitória, é um movimento perigoso que coloca em risco a própria saúde democrática de nossa cidade. Vitória da Conquista, uma terra de história rica e povo vibrante, merece que suas decisões políticas sejam tomadas pelo voto popular, e não por ações judiciais que, ainda que legais, acabam por distorcer a vontade coletiva.
Quando levamos a política para os tribunais, substituímos o debate de ideias por tecnicalidades jurídicas. A sociedade, que deveria ser a principal protagonista do processo eleitoral, é relegada a um papel secundário, assistindo passivamente à disputa entre advogados e juízes. Esse processo não só enfraquece a legitimidade dos eleitos, mas também gera uma sensação de desconfiança e frustração entre os eleitores, que veem suas escolhas sendo desrespeitadas.
É preciso, então, levantar a bandeira branca e permitir que o povo decida. A justiça eleitoral tem o seu papel, sem dúvida, mas esse papel deve ser limitado a garantir a lisura do processo, não a interferir no resultado. Os eleitores de Vitória da Conquista são plenamente capazes de discernir entre os candidatos e fazer suas escolhas de maneira consciente e responsável.
A judicialização excessiva das eleições cria um cenário onde a política se torna refém das salas de audiência, em vez de ser forjada nas ruas e nas urnas. Precisamos, mais do que nunca, resgatar o sentido original da democracia, onde o poder emana do povo e é exercido por meio do voto.
Ao invés de tentar eliminar adversários políticos por meio de impugnações, que tal enfrentá-los nas urnas, com propostas concretas e um debate saudável? Afinal, é o povo que deve ter a palavra final. Vitória da Conquista, com sua história de luta e resiliência, merece uma eleição onde a justiça seja feita, mas que essa justiça seja, sobretudo, a justiça da vontade popular.
Que possamos, então, baixar as armas da judicialização e levantar a bandeira branca da paz eleitoral, deixando que o povo conquiste a sua própria vitória. Afinal, é na urna que se constrói o futuro, e esse futuro deve ser escolhido por todos nós, sem interferências indevidas.